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Governador Jerônimo Santana queria transferir a capital administrativa do estado para o interior

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Saindo das lendas

O explorador espanhol Ponce de León supunha que a lendária Fonte da Juventude estaria localizada em Cuba. No Brasil, aventureiros em várias épocas investiram suas vidas em busca da tal fonte, perseguindo lendas que surgiram em Minas Gerais e São Paulo. Mas talvez se Ponce de León aproveitasse seu grande poder junto à coroa espanhola para financiar uma expedição à Amazônia tivesse melhor sorte.

Ele poderia, por exemplo, ter encontrado a trapoeraba, planta da biodiversidade amazônica. Dela, dizem os agricultores que é uma praga, mas no passado ninguém imaginava que veneno de cobra fosse tão valioso, com aplicações diversas, inclusive a de salvar vidas quando adequadamente preparado. Não é algum bruxo ou pajé, mas um especialista em fitotecnia, Valdely Knuppi, que defende essa praga difícil de combater como benéfica para a saúde humana, inclusive com poderes rejuvenescedores.

Só a imaginação pode calcular quantas plantas e seres que poderiam trazer soluções para problemas da humanidade foram destruídos em séculos de devastação. Por ora, a trapoeraba corre na frente pelo título de fonte da juventude porque não precisa de demoradas e custosas preparações laboratoriais: basta fazer um chá das folhas para evitar a retenção de líquidos no organismo, prevenindo o envelhecimento precoce. A Amazônia não cansa de surpreender quem a estuda com o devido respeito.

JK de Rondônia

Nesta coluna lembro algumas curiosidades históricas, atendendo a pedido de universitários. O presidente JK, aquele responsável pela construção da rodovia 364, ligando Cuiabá a Porto Velho (na época, tinha outro nome, BR 29), e pela construção de Brasília, entre outras façanhas, sempre foi inspiração para a classe política brasileira. Na fundação de Tocantins, Palmas foi inspirada em Brasília, imitando até os prédios públicos e avenidas largas. Inspirado também em JK, em Rondônia, na década de 80 o então governador Jeronimo Santana planejou transferir a sede administrativa, que era em Porto Velho, para a região central, visando a construção de uma nova capital no estado.

Vingança maligna!

O então governador Jeronimo Santana (MDB), ex-guerrilheiro do MR-8, estava em baixa politicamente em Porto Velho, levando pau de todo lado e transferindo a capital para o interior, que já contava com dois terços da população rondoniense, tencionava melhorar seus índices de popularidade no restante do estado. Uma vingança maligna! E tudo estava dando certo, o projeto corria na Assembleia Legislativa tinha tudo para ser aprovado. Urupá já festejava! Deputados se confraternizavam. No entanto, o deputado estadual Amizael Silva (PDS) com auxílio do deputado Silvernani Santos (PFL) desarmou a vingança de Bengala. A capital não mudou de lugar.

 Onda divisionista

Nos anos 80 e 90 o País vivia uma onda divisionista e existiam projetos de criação de novos estados em várias regiões do País, como acontecia no Sul, com a criação do Estado do Iguaçu, se desmembrando do Paraná e Santa Catarina, do Triangulo em Minas, etc,etc. Foi assim que o então deputado federal Reditário Cassol, se inspirou, para criar o estado do Aripuanã, unindo mais metade de Rondônia - desde Cacoal, atingia também Rolim de Moura, Pimenta, Vilhena, municípios do Cone Sul, Zona da Mata e região do café e parte do Nortão do Mato Grosso. Mas a matéria foi rejeitada no Congresso.

É coisa de louco!

Com tantas propostas emancipacionistas pelo Brasil afora, inclusiva em Rondônia, até o nosso municipalismo foi atingido por ideias polemicas. Prega-se em Ji-Paraná, a criação de um novo município, que seria instalado do outro lado do Rio Machado e poderia se denominar de Nova Brasília. Porto Velho não queria ficar para trás, e aqui se chegou a se projetar a criação do município de Ulisses Guimarães, separando quase toda a Zona Leste (Ulysses, Ronaldo Aragão, Marcos Freire, Mariana etc) do restante da cidade. Mas com o tempo as coisas se aquietaram e tudo permaneceu inalterado

As coisas mudaram

Quem vê hoje Rondônia acomodava e pacificada, repleta de vereadores e deputados cordeirinhos, não era capaz de imaginar o sofrimento dos governadores rondonienses no passado. O jogo era bruto, era sujo e a oposição (tanto de um lado como de outro, se alternando no poder) chegava a travar a liberação de recursos em Brasília para o estado, ocasionando grandes transtornos até no pagamento dos servidores, seja à esquerda ou à direita. Sendo assim, cada governador que assumia o então Palácio Presidente Vargas pegava batata quente na mão. Um verdadeiro abacaxizal para descascar.

Via Direta

*** O empresário Assis Gurgacz, personagem relevante da colonização rondoniense desde os idos do território, lança hoje livro com sua biografia em Ji-Paraná com muitas revelações a respeito da sua epopeia *** Aumenta a movimentação da sociedade organizada de Porto Velho visando combater a ditadura das empresas aéreas no estado, com voos suspensos e tarifas escorchantes *** Que a Assembleia Legislativa e a Câmara de Vereadores se integrem a mobilização para dar força ao movimento popular numa causa de importância relevante *** As empreiteiras seguem causando prejuízos em Rondônia com obras pela metade, com casas e apartamentos entregues com rachaduras e coisa e tal.


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