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Assim era Atlântida e meu tio Jairo

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Sempre que revejo o documentário "Assim era Atlântida", o coração fica apertado, pois bate logo a saudade do meu tio Jairo, mesmo tendo nos deixado, ficaram as lembranças das nossas conversas. Foi ele, nunca esquecerei, quem me falou da inesquecível dupla Oscarito e Grande Othelo, os reis das chanchadas da Atlântida Cinematográfica e os famosos filmes misturando comédia, romance, números musicais e muita correria e pancadaria.

Watson Macedo, Anselmo Duarte, Eliana, Cyll Farney, Fada Santoro, José Lewgoy, Adelaide Chiozzo, Wilson Grey, Francisco Carlos, Zezé Macedo, Renato Restier, Bené Nunes, Carlos Manga, diretor do documentário com roteiro de Silvio de Abreu e Manga, são alguns dos artistas que fizeram parte desta história de um tempo em que o cinema nacional dialogou e cativou o público brasileiro.

Foi com meu tio Jairo que aprendi muito sobre música brasileira e sobre filmes como "O Cangaceiro", por exemplo, da Vera Cruz. Também soube que "Matar ou correr", com Oscarito e Grande Othelo e José Lewgoy, para variar, sendo o vilão e John Herbert fazendo o mocinho a la Gary Cooper, primeiro longa dirigido por Carlos Manga, é uma sátira ao clássico "Matar ou morrer", do diretor Fred Zimmermann. Que "Nem Sansão, Nem Dalila", estrelado pelo inesquecível Oscarito e segundo filme realizado pelo Manga, nada mais era que um sarro em cima do longa "Sansão e Dalila", de Cecil B. De Mille, com direito a Oscarito imitando Getúlio Vargas. Sensacional.

O jornalista Sérgio Augusto escreveu o livro definitivo sobre as chanchadas. O excelente "Este mundo é um pandeiro". O livro foi publicado há mais de 20 anos pela editora Companhia das Letras. O título remete ao filme homônimo, um dos grandes sucessos das chanchadas, aliás, assim denominados pejorativamente por alguns críticos imperdigados que à época escreviam horrores das produções do gênero e muitas vezes, apesar do sucesso, ignoravam os cinemas lotados e as filas quilométricas sempre que um longa da Atlântida estava em cartaz. Era outro Brasil, um Brasil de outro tempo.

Saudades de você, tio Jairo. Saudades das nossas longas conversas. Conversas que jamais esquecerei.

Humberto Oliveira

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