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Fascinante universo das biografias

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"O Anjo Pornográfico, a vida de Nelson Rodrigues", de Ruy Castro, "Roberto Carlos, outra vez", de Paulo César de Araújo, "Maysa - Só numa multidão de amores", de Lira Neto, "Amoroso, uma biografia de João Gilberto", de Zuza Homem de Mello, "Noel Rosa, uma biografia", de João Máximo e Carlos Didier, "Nara Leão, uma biografia", de Sérgio Cabral, pai, são algumas, dentre tantos livros biográficos lançados nos últimos 30 anos ou mais, no Brasil.

Acho este universo fascinante, como é fascinante o trabalho de pesquisa destes autores que mergulham fundo na vida do seu biografado, esteja ele ou ela, vivo ou morto. Ruy Castro, por exemplo, declarou várias vezes não ter interesse em escrever a biografia de alguém ainda vivo. Para ele, seja quem for, vai querer dar palpites e o escritor não aceita qualquer interferência.

Não deve ser nada fácil escrever uma obra biográfica, pois o personagem escolhido precisa pelo menos ter uma história de vida pela qual os leitores tenha interesse, do contrário, a obra corre o risco de encalhar nas prateleiras das livrarias. Mais uma vez cito Ruy Castro, autor da biografia definitiva do dramaturgo Nelson Rodrigues. Lançada há 30 anos, o livro entrou rapidamente na lista dos mais vendidos de 1992. A Companhia das Letras lançou uma edição comemorativa de 30 anos atualizada e revisada.

Lira Neto, autor de uma ótima biografia de Getúlio Vargas em três volumes, escreveu uma das melhores obras sobre a vida de uma artista, no caso, "Maysa, só numa multidão de amores". Lira não entrega aos leitores uma biografia "chapa branca". Na mesma linha, o cantor Pery Ribeiro fez ao escrever a sua história em paralelo a de seus pais Dalva de Oliveira e Herivelto Martins, no excelente e revelador "Minhas duas estrelas". Ruy Castro, sempre ele, comentou que o livro é um dos melhores do gênero confecional.

Outro excelente biógrafo, Sérgio Cabral, pai, escreveu obras sobre Ary Barroso, Tom Jobim, Elizeth Cardoso, Nara Leão, Almirante, Pixinguinha, Grande Othelo, Ataulfo Alves, Carlos Manga, isso sem mencionar "A História das Escolas de Samba do Rio de Janeiro" e "A MPB na Era do Rádio". E por aí vai.

Paulo César de Araújo, fã de Roberto Carlos, escreveu não uma, mas duas biografias do "rei". "Roberto Carlos em Detalhes", cujo lançamento incomodou tanto o cantor que conseguiu na justiça o recolhimento e proibição da obra. Araújo levou mais de 15 anos para terminar o livro. Em 2020, o historiador e biógrafo voltou à carga e lançou "Roberto Carlos outra vez, parte 1", com mais de 800 páginas. Até agora nem sinal da parte dois. Mas, o melhor livro de Paulo César de Araújo ainda é "Eu não sou cachorro, não, música cafona e ditadura militar". Este sim, sua obra extraordinária, que li três vezes. Tudo que ele escreve, mesmo sobre RC, sempre é excelente material.

A relação de biógrafos é enorme. Rodrigo Faour, Gonçalo Júnior, Nelson Motta, Denilson Monteiro, autores respectivamente das biografias sobre Dolores Duran, Cauby Peixoto e Ângela Maria; Vadico, Assis Valente, Evaldo Braga e Jacob do Bandolim; Tim Maia e Glauber Rocha; Carlos Imperial, Ronaldo Bôscoli e Chacrinha.

Humberto Oliveira

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