O processo de ensino e aprendizagem é essencial para o desenvolvimento integral dos indivíduos, abrangendo não apenas a formação acadêmica, mas também o fortalecimento emocional e social. Entretanto, em ambientes onde a educação falha em atender plenamente essas necessidades, observa-se um aumento no comportamento de ostentação, especialmente em redes sociais, como forma de compensação emocional. Este fenômeno levanta questões sobre a influência da falta de uma educação emocional sólida na busca por validação externa e nas formas de expressão de sucesso. A centralização de conquistas e a validação por meio de terceiros é uma tática antiga e muito conhecida.
O comportamento de ostentação tornou-se cada vez mais evidente, especialmente com o advento das redes sociais, onde é comum observar indivíduos exibindo carros de luxo, viagens extravagantes e estilos de vida aparentemente perfeitos. Esse padrão reflete, em muitos casos, uma necessidade de compensar a falta de segurança emocional e autoestima, buscando na aprovação externa uma forma de validação. Estudos mostram que essa busca por reconhecimento através de bens materiais pode estar ligada a experiências de infância e adolescência, onde o afeto e a autoestima são construídos a partir da valorização do "ter" em detrimento do "ser".
Ostentação como Compensação: O ato de ostentar pode ser interpretado como uma tentativa de preencher um vazio emocional. Pessoas que compartilham imagens de bens de luxo e experiências exclusivas muitas vezes revelam uma busca por aceitação e reconhecimento social, compensando carências emocionais com símbolos de status.
Influência da Infância e Educação Emocional: A infância é fundamental para a construção da autoestima e da autovalorização. Crianças que crescem em contextos onde o valor está associado à posse de bens, em vez da valorização das qualidades individuais, tendem a desenvolver uma visão distorcida de sucesso e felicidade. Esse padrão de formação é potencializado pela ausência de uma educação emocional sólida, criando adultos que buscam reconhecimento e validam sua existência por meio do consumo e da ostentação.
Autoconhecimento e formação de valores: Uma educação completa deve abordar tanto o desenvolvimento acadêmico quanto o fortalecimento emocional e social. O autoconhecimento possibilita que o indivíduo entenda o que realmente o satisfaz, identificando que seu valor pessoal não reside nos bens que possui, mas em quem é e nas relações que constrói. Sem essa base, a busca por validação externa se intensifica, promovendo um ciclo de consumo e ostentação.
Carl Gustav Jung (renomado psiquiatra e psicanalista suíço) já dizia: "Quem olha para fora, sonha; quem olha para dentro, desperta."
Por isso é tão importante observar os pensamento e sentimentos. O comportamento de consumo e ostentação não afeta apenas o indivíduo, mas também gera impacto na sociedade como um todo. A normalização da ostentação nas redes sociais cria um ambiente onde o valor social é medido por padrões de consumo inatingíveis para muitos, o que pode gerar sentimentos de inadequação e pressão social. Em um contexto onde a autorregulação emocional não é ensinada, o comportamento impulsivo e consumista pode levar a um círculo vicioso de insatisfação, em que a busca por validação nunca é completamente alcançada.
A educação, quando voltada para o autoconhecimento e para a valorização de qualidades intrínsecas, é um antídoto contra a necessidade de validação externa e ostentação. Fortalecer o indivíduo emocional e socialmente desde a infância permite que ele desenvolva uma autoestima saudável e viva de maneira mais autêntica, sem precisar se apoiar em símbolos de status para se afirmar. Em uma sociedade cada vez mais voltada ao consumo, educar para a resiliência e para o autovalor é uma forma de construir uma geração mais equilibrada e menos vulnerável à influência do materialismo.
Gabriel César