Reportagem: Fernando Pereira - Jornalista
Gabriel Lopes, proprietário da Logos University International (UniLogos), instituição com sede em Paris, tornou-se o primeiro brasileiro a dirigir uma universidade francesa de educação a distância reconhecida pelo Ministério Francês da Educação Nacional, Ensino Superior, Pesquisa e Inovação. Lopes explica que o caminho para abrir e operar uma instituição de ensino superior na França envolve uma série de exigências que asseguram padrões elevados, equiparando-se aos das universidades públicas. Este controle rígido visa garantir qualidade e transparência, protegendo o interesse dos estudantes e preservando a integridade do sistema educacional francês.
Nesta entrevista, Lopes esclarece como funciona o processo de regulamentação e os desafios enfrentados para operar uma instituição educacional na França.
Jornalista:
Professor Gabriel, o que torna o processo de abertura e operação de uma universidade na França tão rigoroso?
Professor Dr. Gabriel Lopes:
O sistema educacional francês é extremamente criterioso, especialmente para instituições privadas de ensino a distância. O governo impõe diretrizes rigorosas que buscam garantir que as organizações mantenham padrões de ensino elevados, comparáveis aos das instituições públicas, assegurando que o currículo esteja alinhado com os programas declarados e devidamente credenciados (Artigo R.444-14, 1°). Além disso, a regulamentação exige que cada aspecto da estrutura educacional esteja em conformidade com o Código de Educação, como qualificação do corpo docente, métodos de ensino e estrutura organizacional, todos com a finalidade de oferecer uma experiência educacional completa e de qualidade.
Jornalista:
Quais são os principais aspectos de conformidade para uma universidade privada de ensino a distância?
Professor Dr. Gabriel Lopes:
Existem vários pontos cruciais. Primeiramente, é exigido que o número de professores qualificados seja proporcional ao de alunos matriculados, para garantir um atendimento de qualidade e que cada estudante receba a atenção necessária (Artigo R.444-14, 3°). As instituições são ainda submetidas a inspeções regulares do Ministério da Educação, que verificam não apenas o conteúdo educacional, mas também aspectos financeiros, caso haja uso de recursos públicos (Artigo R.444-16). É um sistema de controle contínuo e minucioso que assegura a seriedade e o cumprimento de todos os padrões educacionais.
Jornalista:
E quanto à estrutura organizacional? Existe algum requisito específico?
Professor Dr. Gabriel Lopes:
Sim, a gestão das instituições é fortemente regulamentada. Por exemplo, o gerente deve possuir no mínimo cinco anos de experiência em ensino e qualificações compatíveis com a posição, embora em alguns casos excepcionais, o reitor da academia (órgão regional do Ministério da Educação da França) possa flexibilizar esse requisito, considerando qualificações superiores (Artigo R.444-11). Além disso, o reitor supervisiona financeiramente as operações para garantir a conformidade com as normas, podendo aplicar sanções, como a suspensão de licenças, caso a instituição ou seus responsáveis descumpram as exigências (Artigos L.444-3 e L.444-5).
Jornalista:
E em relação ao corpo docente? Quais são as exigências para os professores?
Professor Dr. Gabriel Lopes:
As qualificações dos professores seguem normas rígidas. Eles precisam ter diplomas equivalentes aos exigidos em instituições públicas para o mesmo nível de ensino, incluindo tanto professores locais quanto estrangeiros (Artigo R.444-11). Professores de fora da Área Econômica Europeia, por exemplo, só podem lecionar mediante uma autorização do reitor da academia. Além disso, tanto professores quanto gestores devem cumprir padrões éticos e profissionais definidos em decretos específicos, o que reforça a seriedade e o compromisso com a educação de qualidade (Artigo L.444-5).
Jornalista:
Como esses regulamentos impactam a experiência de aprendizado dos alunos?
Professor Dr. Gabriel Lopes:
As regulamentações francesas são muito voltadas para a qualidade da experiência de aprendizado. Cada programa de estudos deve ser detalhado, indicando o conteúdo do curso, as atividades obrigatórias e a programação das aulas, e também informando o conhecimento prévio necessário para cada nível (Artigo R.444-16). Além disso, as instituições são obrigadas a oferecer suporte educacional robusto, como envio de materiais didáticos em tempo hábil e feedback eficaz sobre as atividades dos alunos (Artigo R.444-14, 5°). Se houver encontros presenciais, as instalações devem seguir normas de saúde e segurança para garantir o bem-estar dos estudantes (Artigo R.444-14, 6°).
Jornalista:
Para finalizar, qual é o impacto dessas regulamentações na credibilidade de uma universidade privada como a UniLogos?
Professor Dr. Gabriel Lopes:
O rigor dessas normas contribui positivamente para a nossa credibilidade. Isso proporciona aos alunos a garantia de que estão recebendo uma educação de alta qualidade, e a UniLogos, por estar em total conformidade com as diretrizes francesas, conquista uma sólida reputação na França e no exterior. Operar com esses padrões nos coloca em igualdade com as universidades públicas e reforça nosso compromisso com a excelência educacional, algo que considero fundamental para qualquer instituição que preze pela formação de seus estudantes.
Gabriel Lopes