Jaap Arriens/NurPhoto via Getty Images)
O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (CFOAB) solicitou neste sábado (31/8) ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que reconsidere a decisão de impor multa de R$ 50 mil a quem utilizar redes privadas virtuais (VPNs) para acessar a plataforma X após o bloqueio no Brasil.
A entidade argumenta que a sanção é uma violação dos direitos fundamentais assegurados pela Constituição Federal.
O uso de VPNs permite que os usuários de internet ocultem a localização, possibilitando o acesso a conteúdos restritos em determinadas regiões, como ocorre em países com rígidas censuras, como China e Cuba. No Brasil, a utilização de VPNs para contornar bloqueios de sites ou plataformas não é incomum e, segundo a OAB, a decisão de Moraes representa uma afronta ao princípio da legalidade e ao direito fundamental ao devido processo legal.
"A aplicação da multa diária no valor de R$ 50 mil às pessoas naturais e jurídicas de forma ampla e generalizada representa grave afronta aos direitos fundamentais consagrados na Constituição Federal", defende o pedido protocolado pela entidade.
O documento, assinado por 32 advogados, destaca que a decisão de Moraes impõe uma "proibição genérica e indeterminada", contrariando o princípio da legalidade.
Segundo a OAB, tanto a definição de uma conduta como ilícita quanto a aplicação de uma multa devem estar claramente previstas em lei. "Uma decisão judicial não pode criar um ato ilícito e nem prever a punição correspondente", argumenta o texto.
A OAB salienta, ainda, que a decisão de Moraes tem o potencial de afetar um número indeterminado de pessoas que não são partes do processo e que, portanto, não podem ser diretamente responsabilizadas ou punidas sem o devido processo legal, o contraditório e a ampla defesa.
"Frente à relevância das questões em análise nos presentes autos, o Conselho Federal da OAB requer a reconsideração ou o esclarecimento do trecho da decisão que determina a aplicação de multa de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) a todas as pessoas físicas e jurídicas do país que usarem VPN ou outros mecanismos para acessar a plataforma X, também conhecida como Twitter, na medida em que a aplicação de multa ou de qualquer outra sanção de forma genérica e abstrata revela-se medida desarrazoada e desproporcional", conclui o pedido.
Bloqueio do X
O prazo para que Elon Musk, dono do X, respondesse às exigências feitas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), terminou às 20h07 de quinta-feira (29/8). Como a plataforma não indicou um representante legal no Brasil nem atendeu à demanda judicial, Moraes decidiu pela suspensão do X no país.
Antes de emitir a decisão, Moraes foi informado por sua equipe técnica de que não houve nenhuma manifestação por parte do X. Com isso, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) deverá ser notificada para repassar às operadoras a ordem de bloqueio do site.
Na noite de quarta-feira (28/8), Moraes emitiu uma intimação digital para Elon Musk, exigindo que a empresa identificasse um representante legal no Brasil em até 24 horas, sob pena de retirada do aplicativo do ar caso a ordem não fosse cumprida.
O documento alertava que a plataforma poderia ser suspensa por tempo indeterminado até que as ordens judiciais fossem cumpridas e as multas diárias pagas.
Metrópoles