Lula demite ministra da Saúde, Nísia Trindade, e Padilha assume pasta
Ricardo Stuckert/PR – 8.4.2024
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva demitiu nesta terça-feira (25) a ministra da Saúde, Nísia Trindade. O atual condutor das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, vai assumir o lugar de Nísia. Depois de semanas de especulação de uma eventual saída da agora ex-ministra, Lula bateu o martelo e decidiu substituí-la. Nos bastidores, as principais críticas à gestão de Nísia são a falta de uma "marca" na Saúde e a condução do combate à dengue.
Ela é a terceira mulher a ser demitida do primeiro escalão do petista — todas foram trocadas por homens. Daniela Carneiro, que chefiava o Turismo, e Ana Moser, titular do Esporte, deixaram o governo em julho e setembro de 2023, respectivamente.
Padilha é responsável pela articulação política entre Executivo e Legislativo. Ainda não há definição de quem assume a pasta de Relações Institucionais. Nesta tarde, Lula chamou Nísia ao Planalto, em reservado e fora da agenda. Logo depois, o presidente reuniu-se com Padilha, encontro que também não estava previsto na agenda do petista.
O ministro, que é médico, foi titular da Saúde da ex-presidente Dilma Rousseff, entre 2011 e 2014. Ele é próximo de Nísia e tem diversos aliados abrigados em secretarias do ministério. A ex-ministra não é filiada a nenhum partido.
A demissão ocorre horas depois de um evento da saúde no Planalto, em que Lula e Nísia estiveram lado a lado. Na cerimônia, o presidente anunciou a produção da primeira vacina 100% nacional e de dose única contra a dengue. O investimento é de R$ 1,26 bilhão.
Na agenda, Nísia informou que o imunizante, desenvolvido em parceria entre o Instituto Butantan e a empresa chinesa WuXi Biologics, será distribuído a partir de 2026. A vacina será válida para combater os quatro sorotipos da doença. Ao todo, 60 milhões de doses serão disponibilizadas à população.
Condução do combate à dengue
A luta contra a arbovirose, inclusive, também pode estar por trás da saída de Nísia. Em meio à alta dos diagnósticos e óbitos no país, o ministério deixou vacinas passarem do prazo de validade. No ano passado, o Brasil registrou 6.484.890 casos prováveis de dengue e 5.972 mortes provocadas pela doença. Em 2023, foram 1.658.816 diagnósticos e 1.179 óbitos.
d24am