Brasil e China firmam acordo para ferrovia bioceânica

O governo brasileiro assinou, nesta segunda-feira (7), um memorando de entendimento com a China para estruturar o projeto de uma ferrovia bioceânica que ligará o Brasil ao Peru. O acordo foi firmado entre a estatal Infra S.A, vinculada ao Ministério dos Transportes, e o China Railway Economic and Planning Research Institute, com o objetivo de desenvolver estudos e planejamentos para a criação de um corredor ferroviário ligando o estado do Acre ao Porto de Chancay, na costa do Pacífico peruano. 

Durante a cerimônia de assinatura, o secretário nacional de Transporte Ferroviário, Leonardo Ribeiro, destacou a importância do acordo para a integração logística internacional. "O Brasil está preparado para liderar uma nova era de infraestrutura logística, com responsabilidade, engenharia de qualidade e parcerias sólidas", afirmou.

O plano prevê que a ferrovia atravesse o Peru até o Acre e, em território brasileiro, siga por Rondônia até o Mato Grosso, formando um novo eixo estratégico para o escoamento da produção nacional rumo aos mercados asiáticos. O Ministério dos Transportes aponta que o corredor ferroviário poderá se tornar a "espinha dorsal de uma nova rota bioceânica", fortalecendo as exportações brasileiras e reposicionando o país no comércio internacional.

O projeto não é recente para Rondônia. Em 2015, o então senador Acir Gurgacz (PDT) foi um dos principais articuladores da proposta no estado, ao receber uma comitiva de 23 empresários chineses, liderada pelo embaixador Li Jinzhang. A visita técnica percorreu parte da BR-364, entre Porto Velho e Ji-Paraná, avaliando o possível traçado da ferrovia em território rondoniense.

À época, Gurgacz defendeu que a ferrovia tivesse início em Porto Velho, avançando para Vilhena, Lucas do Rio Verde (MT), Acre e Peru. Segundo ele, a integração ferroviária é estratégica para consolidar Porto Velho como polo logístico do Arco Norte, com interligação fluvial pelo rio Madeira e potencial para impulsionar o agronegócio da região.

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O estudo original previa uma linha férrea ligando o porto de Ilo, no sul do Peru, ao Porto do Açu (RJ), cruzando Rondônia, Acre e Mato Grosso. O investimento estimado em 2015 era de US$ 10 bilhões (cerca de R$ 33 bilhões à época). Com a retomada das discussões e a assinatura do memorando entre Brasil e China, o projeto ganha novo fôlego, e Rondônia volta ao centro das articulações estratégicas de integração sul-americana, com o nome de Acir Gurgacz novamente associado à defesa do desenvolvimento logístico da região.

Portal SGC