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"Universidades Brasileiras Cruzam Fronteiras: Internacionalização, Dados e Desafios"

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A internacionalização do ensino superior brasileiro vem ganhando força — embora ainda de forma desigual e com desafios expressivos. Enquanto países recebem poucas instituições estrangeiras, universidades brasileiras com autorização do MEC, como a Uninter, já atuam presencialmente no exterior, mostrando que a educação nacional tem potencial além das fronteiras 🇧🇷.

Polos no Exterior: o caso da Uninter

A Uninter mantém atualmente 9 polos nos EUA, 1 no Reino Unido, 2 no Japão, 2 em Portugal, 1 na Itália e 1 na Espanha. Com vasta estrutura no Brasil, incluindo mais de 766 polos de apoio presencial em cerca de 700 cidades, a instituição exemplifica como o modelo brasileiro de EAD e semipresencial vem se adaptando para oferecer educação internacional.

Programas governamentais: mobilidade e cooperação

O programa Ciência sem Fronteiras (2011-2015) levou cerca de 100 mil estudantes brasileiros em áreas STEM para o exterior. Outro programa estratégico, o PrInt da CAPES (2018-2022), apoiou planos de internacionalização em apenas 36 instituições - cerca de 1% do total de mais de 2.600 IES no Brasil. A falta de planos institucionais e de coordenação se destaca como entrave à expansão sustentável do processo.

Indicadores atuais e barreiras estruturais

Pesquisa da Capes (2017) mostra que 70% das IES com programas de pós-graduação avaliam seu processo de internacionalização como "fraco ou moderado", e apenas oito descrevem como intenso. Além disso, cerca de 71% dessas instituições não possuem um escritório internacional. Entre aquelas com internacionalização intensa, 62% já possuem um plano; o restante ainda depende de consultorias externas.

No que tange à mobilidade de estudantes, o Brasil representa apenas 1,2% da mobilidade acadêmica global, e alunos estrangeiros no país equivalem a 0,4% do total mundial (cerca de 21.181). A barreira linguística e as desigualdades de acesso à internet (88% dos domicílios conectados, restando ~36 milhões sem conexão) dificultam a participação no cenário virtual e na internacionalização doméstica mais ampla.

Exemplos de cooperação e iniciativas regionais

A UNILA - Universidade Federal da Integração Latino-Americana, localizada em Foz do Iguaçu, usa português e espanhol em seus cursos, reforçando a integração regional com Argentina, Paraguai e Uruguai. Já a Fundação Dom Cabral tem parcerias estratégicas com INSEAD (França), Kellogg (EUA), Skema (França) e outras escolas internacionais, promovendo mobilidade executiva e intercâmbio acadêmico.

Outras iniciativas, como o Centro de Internacionalização Brasil Austrália da PUCRS, fomentam cooperativas entre instituições da América Latina e Austrália, alinhadas a redes regionais como IESALC e conferências CRES 2018-2028 que pautam a agenda internacional latino-americana.

Desafios e oportunidades: o futuro da educação brasileira

Especialistas apontam que sem políticas nacionais integradas e estruturas de gestão dedicadas, os esforços de internacionalização dependem muito de iniciativas isoladas e financiamento sazonal.

Para avançar, o Brasil precisa:

  • Estimular planos institucionais de internacionalização alinhados ao contexto latino-americano.
  •  Ampliar programas de mobilidade de saída e entrada de estudantes.
  • Incentivar a publicação e ensino em línguas estrangeiras (como inglês, espanhol e outras), com atenção à proteção da língua portuguesa e à equidade digital.
  •  Fomentar intercâmbios acadêmicos, cursos em parceria e investimentos em infraestrutura digital.

A internacionalização do ensino brasileiro ainda caminha lentamente, porém com sinais promissores. A presença de instituições como Uninter e UNILA no exterior e programas como Ciência sem Fronteiras e PrInt indicam que o país pode fortalecer sua presença global. O próximo passo é estruturar políticas nacionais e regionais consolidadas, converter esses avanços em práticas duradouras e torná-los parte da estratégia de desenvolvimento educacional e cultural do Brasil.


Gabriel Lopes

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