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Pela primeira vez, as matrículas nos cursos de graduação ultrapassaram o número registrado nos cursos presenciais. É o que revela o Censo da Educação Superior de 2024, divulgado nesta segunda-feira pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Segundo os dados, entre os 10 milhões de estudantes matriculados no ensino superior, 5,2 milhões encontram-se matriculados na modalidade EAD, contra cerca de cinco milhões, na modalidade presencial.
"A educação a distância criou condições de participação na educação superior de um público que teria dificuldades de frequentar presencialmente devido ao trabalho durante o dia. É a possibilidade de trazer uma população que já está inserida no mundo do trabalho para frequentar a educação superior", disse Manuel Fernando Palacios da Cunha e Melo, presidente do Inep.
Evasão aumenta
Apesar de o número de matriculados ter ultrapassado, pela primeira vez, a marca de 10 milhões de estudantes em 45 anos de estatísticas produzidas pelo Inep, 17,5% dos estudantes que ingressaram no ensino superior em 2023 evadiram em 2024, um percentual de 1,5% a mais do que no ano anterior. O diretor de estatísticas educacionais do Inep, Carlos Moreno, falou também a respeito do avanço da taxa de evasão no ensino superior: "Acredito que está relacionado ao aumento de ingressantes na modalidade EAD, a taxa do ensino presencial é estável, porém, o ensino a distância é mais fácil de evadir, de acordo com as estatísticas", esclareceu.
Rede federal de ensino
Além disso, ao longo da apresentação, foi revelado que, pelo terceiro ano consecutivo, a rede federal de educação apresenta redução no número de alunos, uma queda média de 1,02% ao ano no período de 2021 a 2024. Neste ano, discentes da rede federal representam 64% das matrículas da rede pública, o que significa cerca de 1,3 milhão de estudantes ao total. Cerca de 90% das instituições do país são particulares e totalizam quase 80% das matrículas da graduação, sendo responsáveis por mais de 8 milhões de estudantes.
A Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes) avalia que os dados do Censo reforçam, mais uma vez, a força do setor privado para o acesso à educação superior. Para o diretor-presidente da Abmes, Janquiê Dinz, evidencia a responsabilidade que o setor tem na construção do país, inclusivo e preparado para os desafios do futuro.
Apesar do crescimento puxado pela EAD e rede privada, o Semesp, entidade mantenedoras de ensino superior no Brasil, comentou que a expansão ainda é insuficiente: "apenas 17% dos jovens entre 18 e 24 anos concluíram ou estão no ensino superior; licenciaturas e cursos tecnológicos seguem em queda", destaca a nota da entidade. Ainda segundo o Semesp, apesar do crescimento, dados apontam desacelração do ensino a distância, mas que deve aumentar com a nova regulamentação.
Realizado anualmente pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o Censo da Educação Superior constitui-se como importante instrumento de obtenção de dados para a geração de informações que subsidiam a formulação, o monitoramento e a avaliação das políticas públicas, além de ser elemento importante para elaboração de estudos e pesquisas sobre o setor. O Censo coleta informações sobre as Instituições de Educação Superior (IES), os cursos de graduação e sequenciais de formação específica e sobre os discentes e docentes vinculados a esses cursos.
O Censo também registra a baixa entrada da população PPI (preto, pardo e indígena). Cruzando os dados entre os estados que mais formam estudantes PPI no ensino médio, e os que mais aderem ao ensino superior, revela-se uma assimetria total. Por exemplo, o estado de Roraima é o terceiro que mais forma alunos no ensino médio, levando em conta raça e cor, com uma taxa de 86% dos estudantes.
Correio Braziliense