Governo federal arrecadou R$ 68 bilhões com IOF em 2025
Marcello Casal Jr / Agência Brasil
O governo federal arrecadou R$ 68 bilhões com o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) entre janeiro e outubro de 2025. O número é 17,78% maior do que o arrecadado no mesmo período do ano passado, quando foram registradps R$ 58 bilhões.
Somente em outubro, a arrecadação foi de R$ 8,1 bilhões, aumento de 38,8% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram recolhidos R$ 5,8 bilhões — uma diferença de cerca de R$ 2,2 bilhões.
Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (24/11) pela Receita Federal.
O IOF é alvo de polêmica entre governo Lula e Congresso Nacional. O impasse entre Legislativo e Executivo foi iniciado após o governo publicar um decreto de aumento na taxação do IOF. No mesmo dia, após repercussão negativa, o governo voltou atrás e derrubou parte do decreto.
Já a arrecadação do governo federal com impostos, contribuições e demais receitas somou R$ 261 bilhões em outubro, em números corrigidos pela inflação. No acumulado do ano, de janeiro a agosto, a arrecadação registrou R$ 2,2 trilhão.
De acordo com o Fisco, esse é o melhor desempenho arrecadatório desde 2000, tanto para o mês de setembro, quanto para o acumulado do ano.
Confira a arrecadação com impostos, contribuições e demais receitas em cada mês do ano:
Janeiro: R$ 301,2 bilhões
Fevereiro: R$ 202,4 bilhões
Março: R$ 209,7 bilhões
Abril: R$ 247,7 bilhões
Maio: R$ 230 bilhões
Junho: R$ 234,6 bilhões
Julho: R$ 254,2 bilhões
Agosto: R$ 208,7 bilhões
Setembro: R$ 216,7 bilhões
Outubro: R$ 261,9 bilhões
Confira a linha do tempo sobre o impasse do IOF:
22 de maio - A equipe econômica do governo federal anuncia um bloqueio de R$ 31,3 bilhões no Orçamento. Ainda no mesmo dia, publica um decreto elevando as alíquotas do IOF para operações de crédito, câmbio e seguros.
22 de maio (à tarde) - Diante da forte pressão do setor produtivo, o governo recua parcialmente e edita pontos do decreto do IOF horas depois. Mercado financeiro e o Congresso reagem mal. Os parlamentares pressionaram o Planalto a buscar alternativas.
23 de maio - Com o recuo do governo, o mercado se recupera: o dólar cai e a Ibovespa, bolsa de valores, fecha em alta.
23 de maio - A oposição começa a articular a derrubada do decreto presidencial, mas o tema ainda não entra oficialmente na pauta do Congresso.
28 de maio - Os presidentes da Câmara, Hugo Motta, e do Senado, Davi Alcolumbre, entram no jogo para negociar com o Planalto. Ao fim da reunião, Motta e Alcolumbre dão um prazo de 10 dias para que o Planalto apresentasse as ações alternativas ao IOF.
29 de maio - O governo confirma que apresentará uma nova proposta dentro do prazo e sinaliza a intenção de discutir uma reforma estrutural nas contas públicas.
2 de junho - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se compromete a apresentar alternativas ao Congresso para compensar o recuo parcial do aumento do IOF.
8 de junho - Reunião entre Haddad, Motta, Alcolumbre, alguns ministros e líderes das Casas termina em acordo: publicar uma medida provisória com medidas alternativas e rever itens do decreto IOF.
11 de junho - O Planalto publica a MP com medidas compensatórias ao recuo no IOF.
12 de junho - Dias depois, Motta recua e pauta a votação para aprovar a derrubada do decreto do IOF. A mudança de direcionamento foi mal vista pelo governo.
25 de junho - O Congresso aprova o projeto de decreto legislativo que susta os efeitos do aumento do IOF determinado por Lula.
27 de junho - O presidente Lula solicita à AGU que avalie a possibilidade de judicializar a questão.
1º de julho - A AGU anuncia que levará o caso ao Supremo Tribunal Federal, alegando que o Congresso extrapolou as competências constitucionais ao anular o decreto.
4 de julho - O ministro Alexandre de Moraes, do STF, suspende tanto o decreto presidencial quanto o decreto legislativo. Moraes convoca uma audiência de conciliação entre os Poderes para terça-feira (15/7).
15 de julho - Data da mediação no STF entre Executivo e Legislativo para buscar uma solução institucional para o impasse em torno do IOF. Está prevista a discussão dos limites constitucionais de atuação de cada Poder.
15 de julho - A reunião termina sem que Congresso e Planalto cheguem a um acordo.
16 de julho - O ministro Alexandre de Moraes mantém eficácia de decreto do governo, mas revoga trecho referente às operações de risco sacado, um adiantamento que os bancos concedem a empresas que realizaram vendas a prazo.
8 de outubro — A Câmara dos Deputados retirou a apreciação da MP do IOF da pauta do dia, fazendo com que o texto perdesse a vigência sem ser votado.
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