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O uso do celular ao volante é um dos principais fatores de risco no trânsito de Rondônia, e os números são um alerta. Em 2023, mais de 2,3 mil infrações foram registradas em todo o estado por condutores que insistem em dirigir enquanto manuseiam, seguram ou utilizam o aparelho, conforme dados da Coordenadoria do Registro Nacional de Acidentes e Estatísticas de Trânsito (Corenaest). O problema é tão grave que o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) classifica essa prática como infração gravíssima, com multas elevadas e a perda de pontos na carteira. Entretanto, esses fatores punitivos parecem ainda não surtir o efeito desejado para uma conscientização ampla e permanente.
A distração causada pelo uso do celular pode ser fatal, uma vez que compromete a atenção e os reflexos do motorista. Especialistas no assunto são unânimes em afirmar que o celular "funciona como uma venda que cega o condutor". Mesmo uma breve olhada na tela, já é suficiente para reduzir a percepção e a visão periférica, fatores críticos para a segurança no trânsito. Em situações de tráfego intenso, um ou dois segundos de distração podem fazer a diferença entre a vida e a morte. Assim, ao escolher responder uma mensagem ou atender uma ligação, o motorista coloca em risco não apenas a própria vida, mas também a de todos ao seu redor.
Frente a esse cenário, o Departamento Estadual de Trânsito de Rondônia (Detran-RO) tem se empenhado em combater a prática por meio de um trabalho educativo e de fiscalização. Campanhas como a "Rota Segura" e o "Patrulhamento Viário" fazem parte das estratégias para abordar e alertar a população. Porém, a eficiência dessas campanhas depende da compreensão de que a mudança de comportamento é um processo lento e gradual, que exige persistência tanto do poder público quanto dos próprios cidadãos. As campanhas, embora importantes, ainda encontram resistência entre os motoristas, o que exige uma fiscalização contínua para reforçar a segurança.
A responsabilidade de transformar essa realidade deve ser vista como uma tarefa compartilhada. Se, de um lado, o Detran-RO e outras autoridades de trânsito promovem ações e reforçam a fiscalização, de outro, a sociedade precisa responder a esses esforços com atitudes concretas. Uma verdadeira mudança no comportamento dos motoristas passa pela conscientização de que a segurança é uma responsabilidade coletiva. Quando um motorista opta por não usar o celular ao volante, ele está contribuindo diretamente para um trânsito mais seguro e menos sujeito a acidentes que podem levar a óbitos ou lesões graves.
Além da educação e da fiscalização, é fundamental que se desenvolvam novas políticas públicas focadas na prevenção e no combate a infrações por distração ao volante. A tecnologia pode ser uma aliada nesse sentido, com o desenvolvimento de aplicativos que bloqueiem o uso de mensagens enquanto o veículo estiver em movimento, por exemplo. Iniciativas assim podem complementar o trabalho realizado pelas campanhas educativas e pela fiscalização, ajudando a construir uma cultura de segurança no trânsito.
Diário da Amazônia