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Pelos vulneráveis
No Brasil, dominado pelo personalismo dos líderes e radicalismo das bolhas, os projetos sociais são anunciados mais para obter dividendos eleitorais e causar impactos emocionais que para efetivamente resolver os problemas da população. O abuso dos slogans patrióticos ("Brasil acima de tudo" ou "o Brasil é dos brasileiros", por exemplo) põe o país, a pátria e a sociedade como reféns ou bens a serviço da identificação partidária com os líderes.
Tendo o objetivo de funcionar eleitoralmente, bons projetos são descartados enquanto os mais midiáticos são mantidos. Há os que pegam e os que não pegam. O PAC (Projeto de Aceleração do Crescimento) foi o mais visível de todos, ao lado do Minha Casa, Minha Vida. Este pegou porque a população sem-teto incorporou o slogan como seu, mas o primeiro esbarrou em obstáculos financeiros e estruturais: as obras do programa se arrastavam no tempo, contrariando a prometida aceleração.
Um programa que merece pegar é o Projeto Povos das Águas. Já experimentado na Amazônia, e estendido agora ao Nordeste, tem bons padrinhos: o Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB) em parceria com a Agência da ONU para Refugiados. Com a vantagem de não depender dos humores dos líderes políticos para continuar, mas da eficiência das atividades, o foco do projeto é justamente favorecer a eficácia das ações sociais e culturais dos povos. Seu potencial, portanto, é imenso.
As conversações
Seguem as conversações entre os pré-candidatos ao governo de Rondônia, com vistas às eleições do próximo ano. Ao mesmo tempo em que o ex-prefeito Hildon Chaves (PSDB) começa a se distanciar do governador Marcos Rocha e do vice-governador Sérgio Gonçalves (União Brasil), ele inicia diálogos exploratórios com outros possíveis postulantes ao cargo de governador, como Confúcio Moura (MDB) e Ivo Cassol (PP).
Na realidade, os pré-candidatos estão sondando uns aos outros quanto à possibilidade de futuras composições políticas. Hildon mantém uma boa relação com Cassol e, caso o político de Rolim de Moura não dispute o CPA, o tucano terá grandes chances de contar com seu apoio.
Não dá liga...
Já, o ex-governador Ivo Cassol (PP) e o senador Confúcio Moura, que também foi governador eleito e reeleito como Cassol, não se bicam. Lembro que em campanha em que Ivo tentou eleger seu sucessor, João Cahula, Cassol taxava El Carecon de frouxo e banana. A pecha não pegou e Confúcio se elegeu. De lá para cá, ambos não se toleram e sempre que pode Ivo cutuca o adversário. Se ambos entrarem na disputa do CPA a coisa pegará fogo, já que Cassol não tem papas na língua, Confúcio sabe responder a altura. Para quem quer confusão e o circo pegar fogo, é torcer que esta disputa se confirme.
Mais civilizadas
Constato que as campanhas eleitorais estão bem mais civilizadas nos tempos atuais em Rondônia. Nos idos de território, recordo que o então deputado federal Jeronimo Santana foi fazer campanha em Pimenta Bueno e o cacique local desligou a energia do comício e mandou aliados atirar ovos podres no popular Bengala. Anos mais tarde, Jeronimo seria eleito governador e seu adversário Vicente Homem Sobrinho, seu opositor, prefeito e deputado estadual nos anos 80, com relações mais institucionais. Ambos já falecidos. Mas quem não lembra que nos anos 80, o deputado Edson Fidelis ameaçava e afugentava adversários oriundo de outras cidades, em Ji-Paraná? Era um verdadeiro coronel em Jipa.
Tinha até espionagem!
Nos bons tempos rolava uma espionagem danada nas campanhas eleitorais em Rondônia. Participei de uma delas em que o adversário plantou espiões na campanha do meu candidato ao governo estadual, o antigo Palácio Presidente Vargas. Desconfiei da coisa porque sempre que chegava em alguma cidade do interior para um comício, na equipe precursora o "inimigo" já sabia da agenda completa da nossa campanha e se antecipava nas ações e até davam m jeito de boicotar nossos comícios. Voltando a Porto Velho, numa grande reunião de comando de campanha, denunciei que estava rolando espionagem. Ninguém acreditou e fui afastado da equipe por fomentar a desconfiança, intrigas, etc. Depois, com a vitória do adversário vários coordenadores de campanha garantiram emprego no governo estadual. Levei um pé! Coisa de louco!
O bicho vai pegar
Já são quase 2 mil municípios brasileiros atingidos pela seca, numa estiagem que vai do Sul do País, centro-oeste ao Nordeste. E a batata de Rondônia também está assando, já que as previsões são no sentido de o estado padecer com uma grande estiagem no segundo semestre. Parece mentira falar em seca agora com o Rio Madeira transbordando, invadindo ruas dos distritos, as localidades ribeirinhas e algumas ruas centrais de Porto Velho. As perdas já são enormes na zona rural do município repetindo o que ocorreu naquela cheia histórica de 2014.
Via Direta
*** Melhorou sensivelmente a questão da segurança pública nos conjuntos habitacionais mais populosos da capital, casos do Orgulho do Madeira e Morar Melhor até pouco tempo dominados pelas facções criminosas do PCC e Comando Vermelho *** Com isto se constata que com boa vontade é possível melhorar as coisas na terrinha *** O vice-governador Sergio Gonçalves vai confirmando a disposição de disputar o CPA Rio Madeira. Fará dobradinha com o atual governador Marcos Rocha que vai pleitear uma cadeira ao Senado *** A grande carta na manga de Gonçalves é a máquina do governo estadual a sua disposição. Mesmo assim é uma presa fácil para políticos do calibre de Hildon Chaves e Fenando Máximo, numa possível peleja entre eles.
Carlos Sperança