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As novas tarifas que os Estados Unidos pretendem impor a uma ampla lista de produtos brasileiros acendem um sinal de alerta para a economia de Rondônia. O impacto potencial no POB (Produto Interno Bruto) do estado, estimado em mais de R$ 152 milhões já em 2025, é um dado que merece atenção. Os efeitos não se restringem apenas ao volume financeiro: estão também na vulnerabilidade de setores estratégicos, como o agronegócio, a indústria de transformação e a cadeia logística que envolve o porto graneleiro de Porto Velho.
O alerta não se traduz, no entanto, em surpresa. O comércio internacional é permeado por disputas tarifárias, ajustes de política externa e realinhamentos estratégicos de mercados. O atual cenário é reflexo direto dessas dinâmicas e demonstra como a economia de um estado como Rondônia, embora geograficamente distante dos grandes centros, está fortemente conectada às decisões tomadas em instâncias globais. E é justamente por isso que a situação requer mais do que reações imediatistas ou lamentos localizados.
O que está em jogo não é apenas o presente das exportações de carnes bovinas, soja e madeira — que somam milhões em receitas e movimentam cadeias produtivas inteiras — mas também a capacidade do estado de manter sua relevância no cenário externo. Com os Estados Unidos figurando entre os cinco principais destinos das exportações rondonienses e como um dos principais fornecedores de insumos industriais, qualquer alteração tarifária desequilibra uma engrenagem delicada e de mão dupla.
Por isso, é essencial que se promova uma resposta articulada, tanto em nível federal quanto estadual. O momento exige diplomacia ativa, sim, mas também inteligência comercial, diversificação de mercados e investimentos em valor agregado. Rondônia não pode depender excessivamente de poucos produtos e de um número restrito de parceiros. A concentração torna qualquer crise externa mais nociva e reduz a capacidade de reação da economia local.
Não se trata de alarmismo. Trata-se de reconhecer riscos concretos e atuar com estratégia. É preciso abrir novas rotas, estabelecer novos canais e investir em inovação industrial e logística. A reação deve ir além das urgências e se transformar em uma política permanente de fortalecimento das exportações.
O cenário desafiador imposto pelas possíveis tarifas americanas também deve servir como oportunidade de amadurecimento para o setor produtivo de Rondônia. Em vez de apenas aguardar uma solução diplomática, é o momento de revisar modelos de produção, estimular a agregação de valor aos produtos e criar resiliência diante das flutuações do comércio exterior. Porque, no fim, as tarifas vêm e vão — mas a solidez de uma economia se constrói com visão de longo prazo.
Diário da Amazônia