Inaugurado em 1883, o espaço não é apenas um marco arquitetônico com influência europeia, mas também um ponto de encontro onde tradições e histórias se entrelaçam diariamente.
A estrutura do mercado reflete o auge da economia da borracha no Amazonas. Com vitrais coloridos, grades ornamentadas e arcos elegantes, o prédio possui duas fachadas principais: a original voltada para o rio, de estilo neogótico, e outra construída em 1920, voltada para a Rua dos Barés, em estilo neo-renascentista. Segundo o historiador Otoni Mesquita, o mercado teve sua construção financiada pelos excedentes da economia da borracha, tornando-se o segundo marco mais importante da cidade, após a Igreja Matriz.
"Na década de 1880, os recursos gerados pela borracha começaram a ser investidos na cidade, e o mercado foi um dos principais símbolos desse período. A fachada voltada para o Rio Negro representava a conexão da cidade com o rio, essencial para o transporte e o comércio local. Já a ampliação voltada para a Rua dos Barés atendeu à demanda de uma cidade em crescimento, refletindo um estilo mais atualizado e eclético", explicou Otoni Mesquita.
Ao longo dos anos, o mercado passou por transformações, especialmente após a implantação da Zona Franca de Manaus. Mesmo com o surgimento de supermercados e feiras em diversos bairros, o espaço manteve sua relevância. Atualmente, além de ser um ponto turístico, é um local onde moradores e visitantes encontram peixes frescos, frutas regionais, artesanato e ervas medicinais.
Entre as permissionárias mais conhecidas do mercado está a dona Japonesa, que mantém a tradição familiar de comercializar ervas e produtos naturais.
"Esse comércio já vem desde a época dos meus pais e irmãos. Eu fiz faculdade, mas o comércio falou mais alto, então voltei para o mercado. Trabalhar com o público e oferecer produtos que podem ajudar na saúde das pessoas é algo que eu gosto muito", relatou.Outra permissionária, dona Vilany, compartilhou histórias emocionantes de clientes que tiveram suas vidas transformadas.
"Uma amiga minha queria engravidar, mas os médicos disseram que era impossível. Ela tomou uma garrafada que eu indiquei e, na metade do tratamento, engravidou. Hoje, a filha dela já tem um ano. Esse tipo de retorno traz uma alegria imensa", contou.
O Mercado Adolpho Lisboa continua sendo um símbolo da identidade amazônica, preservando suas tradições em meio à modernidade da capital amazonense. Seja para quem busca ingredientes típicos, um bom prato de comida regional ou uma conexão com a história da cidade, o mercadão segue como um destino indispensável para quem deseja vivenciar a essência de Manaus.
Karol Santos - Portal SGC
