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A recepção de autoridades nacionais no Aeroporto Júlio Belém, em Parintins, para a abertura do 58º Festival Folclórico reacende uma polêmica antiga: o uso de aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) para deslocamentos que, embora oficialmente justificados como institucionais, frequentemente se confundem com fins pessoais ou promocionais. A comitiva, formada por figuras como Davi Alcolumbre, Hugo Motta, Mauro Campbell e o ministro do Turismo Celso Sabino de Oliveira, foi recebida com uma recepção.
A utilização da estrutura militar para o deslocamento de parlamentares e autoridades ao maior festival cultural da Amazônia expõe uma contradição: enquanto a população enfrenta cortes em áreas sensíveis como saúde, educação e infraestrutura, recursos e logísticas do Estado são empregados em agendas cuja natureza festiva desafia os limites do que se entende por "serviço público essencial".
Embora o Festival de Parintins tenha, de fato, importância simbólica e econômica para a região Norte, a presença de senadores, deputados e ministros em aeronaves da FAB reforça um padrão antigo da política brasileira: o uso de benesses estatais sob a justificativa do "interesse institucional". A lei permite, sim, o uso de aviões da FAB por autoridades em compromissos oficiais, mas a elasticidade desse conceito tem sido constantemente alvo de críticas, especialmente quando envolve eventos culturais ou esportivos.
O episódio se soma a outros semelhantes já registrados, nos quais parlamentares utilizam aeronaves militares para viagens que, embora revestidas de função pública, trazem nítido teor de autopromoção ou lazer. Em tempos de cobrança por transparência, essas atitudes minam a confiança da população nas instituições e afastam ainda mais os representantes de seus representados.
A resposta a essas perguntas é cada vez mais exigida pela sociedade, que espera de seus líderes não apenas discursos de valorização cultural, mas também compromisso real com a ética no uso dos bens públicos.
Portal SGC