Uma operação da Polícia Federal nos municípios de Humaitá e Manicoré, no Amazonas, realizada na manhã da última segunda-feira (15/09), gerou polêmica e críticas de políticos locais. O objetivo da ação foi destruir dragas usadas no garimpo ilegal no leito do Rio Madeira, prática considerada prejudicial ao meio ambiente e ilegal segundo órgãos de fiscalização.
A operação contou com equipes da PF, Polícia Rodoviária Federal e Força Nacional de Segurança Pública, seguindo determinação da Justiça Federal do Amazonas. No total, 71 dragas foram destruídas apenas no Amazonas, e ações semelhantes continuam sendo realizadas em Rondônia.
Impactos e críticas políticas
O deputado federal Silas Câmara (Republicanos) afirmou que a operação prejudica famílias que dependem do extrativismo na região e coloca em risco a população ribeirinha:
"Esse ato criminoso trouxe dor e sofrimento para inúmeras famílias, além de colocar em risco a segurança da população local. É inaceitável que ações como essa ocorram sem respeito à vida e ao trabalho.
Ele acrescentou que algumas balsas destruídas não estariam envolvidas em atividades ilegais e que buscaria soluções junto ao senador Omar Aziz (PSD).
O deputado estadual Capitão Alberto Neto (PL) também criticou a ação:
"Não podemos fechar os olhos. O combate ao garimpo ilegal precisa existir, mas não às custas da dignidade e sobrevivência do povo. Segurança e proteção ambiental devem caminhar lado a lado com respeito às pessoas que vivem na região."
O senador Eduardo Braga (MDB), embora apoie a repressão ao garimpo ilegal, afirmou que as medidas adotadas foram desproporcionais e sem considerar os impactos sociais sobre os trabalhadores:
"Medidas desproporcionais, sem considerar os impactos sociais sobre trabalhadores da região."
O presidente da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), deputado Roberto Cidade (UB), comparou as cenas da operação a um campo de guerra e reforçou a importância do diálogo:
"Nós não estamos num campo de guerra. As cenas em Humaitá e Manicoré chocam e não podem ser tratadas como algo normal! Protocolos existem, mas antes deles vêm as famílias, vêm as vidas. O caminho não é a truculência, é o diálogo."
A deputada estadual Débora Menezes (PL) classificou a operação como desrespeitosa com famílias que dependem do garimpo:
"Desrespeitosa com as famílias que dependem da atividade para sobreviver."
Prefeitura de Manicoré se manifesta
A Prefeitura de Manicoré publicou nota de repúdio, lamentando que a operação tenha ocorrido justamente no dia da celebração de Nossa Senhora das Dores, padroeira do município. O executivo municipal destacou que as explosões das balsas podem causar desbarrancamentos na orla, colocando em risco a integridade física dos moradores.
Até o momento, a Prefeitura de Humaitá não se pronunciou oficialmente sobre a ação.
Talissia Maressa - Portal SGC