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Carne bate recorde nos EUA com R$150kg em meio a crise de oferta e restrições

Oferta em queda, restrições comerciais e clima extremo colaboram com aumento histórico


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Carne bate recorde nos EUA com R$150kg em meio a crise de oferta e restrições

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Os consumidores norte-americanos enfrentam um choque de preço inédito na carne bovina, cujo valor chegou a R$150 por quilo — o maior patamar já registrado nos Estados Unidos. O aumento é impulsionado por uma combinação de fatores que afetam tanto a oferta quanto a importação do produto.

O Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) reduziu sua estimativa de produção para 2025, prevendo 25,9 bilhões de libras de carne bovina — cerca de 4% abaixo da previsão feita no início do ano e 1% inferior ao valor estimado apenas um mês antes.

A crise na produção tem origem clara: décadas de seca comprometem o rebanho — cuja quantidade atual está no menor nível desde 1951. Animais abatidos com menor peso e número reduzido nos pastos têm limitado a quantidade disponível para consumo.

Barreiras comerciais: tarifaço ao Brasil

Em julho, os EUA implementaram uma tarifa adicional de 50% sobre a carne brasileira, que se soma à alíquota vigente de cerca de 36%, tornando os preços pouco competitivos. Como resultado, o USDA revisou para baixo as projeções de importação: redução de 1,9% para 2025 e de até 7,5% para 2026 — equivalentes a aproximadamente 180 mil toneladas a menos da proteína brasileira no mercado americano.

Restrição ao México por riscos sanitários

Desde maio, os Estados Unidos mantêm a proibição de importação de gado vivo do México, depois da detecção da praga New World Screwworm (NWS), a "bicheira do Novo Mundo", considerada altamente perigosa para bovinos e até seres humanos. Medidas de combate à praga incluem a construção de uma fábrica de moscas estéreis no Texas, mas os efeitos só deverão surgir a médio ou longo prazo.

Impacto direto nos consumidores

A carne para churrasco atingiu US$?11,88 por libra (aproximadamente R$150/kg), registrando alta de 3,3% em um mês e 9% nos últimos seis meses.

A carne moída disparou 3,9% em julho e 15,3% em seis meses, chegando a US$6,33 por libra (R$75/kg).

A combinação de eventos — produção doméstica reduzida, barreiras de importação e bloqueios sanitários — criou uma situação excepcionalmente grave no mercado de carne bovina. O rebanho menor que o de décadas atrás, aliado à alta demanda no consumo interno e à dificuldade em diversificar fornecedores, intensifica a pressão sobre os preços.

Especialistas do USDA e do setor estimam que a recomposição do rebanho pode levar de dois a quatro anos, o que manterá os preços elevados no médio prazo.


ampost


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