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A revolução digital chega à Amazônia, alcançando comunidades indígenas remotas em Rondônia. O Projeto Conexão Povos da Floresta, uma iniciativa conjunta da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), e Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), em parceria com empreendedor social Tasso Azevedo do MapBiomas, está encurtando distâncias e ampliando horizontes.
Quatorze comunidades indígenas em Rondônia agora desfrutam de uma conexão à internet via satélite de alta velocidade, graças à chegada de kits completos, incluindo antenas, modems e roteadores, nas aldeias. Essa iniciativa é possível graças à colaboração da Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé, WWF-Brasil e Associações Indígenas.
O projeto não apenas fornece acesso à internet, mas também capacita membros das comunidades beneficiadas. Israel Vale, coordenador de Monitoramento e Proteção Territorial da Kanindé, explica que a formação desses membros é essencial, pois as distâncias e as dificuldades de acesso às comunidades tornam a instalação de equipamentos uma tarefa desafiadora. Assim, os próprios indígenas são treinados para instalar, configurar e manter os equipamentos, promovendo a autonomia comunitária.
Durante um curso de Treinamento e Instalação de Internet via Satélite no Centro de Cultura e Formação da Kanindé em Porto Velho, representantes de várias comunidades participaram e aprenderam a utilizar a tecnologia. Benjamin Oro Nao, presidente da Associação Santo André do povo Oro Nao, do Território Pacaás Novos, colocou rapidamente seus conhecimentos em prática e instalou com sucesso o equipamento em sua aldeia.
Com uma internet mais rápida, as comunidades agora podem participar de reuniões e formações online, facilitando a colaboração e o acesso a cursos. Os jovens também se beneficiam, usando a internet para pesquisas escolares e como ferramenta para mobilizações e denúncias do movimento indígena. Além disso, o monitoramento do território e o relato de denúncias tornam-se mais ágeis.
Cibele e Donizete Cabixi, da comunidade Cabixi, também tiveram sucesso na instalação da internet na Aldeia Pedreira, demonstrando o impacto positivo do projeto.
Israel Vale, da Kanindé, destaca que a internet tem um sistema de protocolo próprio para controle de acesso e cadastramento de usuários, gerido pelas próprias comunidades. O acesso é bloqueado apenas para jogos e pornografia, promovendo um uso responsável da tecnologia. Durante um ano e meio, os custos mensais da assinatura da internet serão cobertos pelo projeto, aliviando as comunidades de qualquer despesa.
A parceria entre os envolvidos continua, e o projeto Conexão Povos da Floresta busca expandir seu alcance para outros territórios de Rondônia. Este projeto inovador não apenas conecta comunidades remotas, mas também empodera essas comunidades para que utilizem a tecnologia de acordo com suas necessidades e desejos.
Redação - Diário da Amazônia