Foto: Rogério Bertani/Instituto Butantan
A espécie Phoneutria nigriventer, conhecida como aranha-armadeira, é atualmente a mais perigosa do mundo e tem comportamento classificado com bastante agressivo. De acordo com o protocolo de acidentes por aranha do gênero Phoneutria desenvolvido pela Universidade de São Paulo, o contato com esse animal e seu veneno neurotóxico, pode ocasionar ereções de duas horas, alterações do ritmo cardíaco e/ou respiratório, palidez, convulsões, diarreia, entre outros.O nome dado é por conta da sua característica de se "armar" em momentos de vulnerabilidade: a aranha se apoia nas patas traseiras, e ergue as frontais para ficar maior, e assustar possíveis predadores, podendo também saltar até 40 centímetros. A dor da picada é descrita pelos profissionais de saúde como 'insuportável', de maneira que pode irradiar para todo o membro atingido.
Revestido por cores que variam de cinza a tons de marrom e com chance de apresentar manchas brancas, o corpo da aranha-armadeira tem quatro centímetros, podendo alcançar até 15 centímetros de envergadura. Essa armadeira também é identificada por suas grandes presas de cor avermelhado-pardo, patas grossas e peludas.
Essa espécie tem comportamento noturno e é encontrada escondida em plantas, sob entulhos, troncos, folhagens, e até materiais de construção. Mesmo assim, as chances de encontrar a espécie dentro de casa não são raras. Devido à preferência por interiores de sapatos, móveis e até em meios às roupas, as picadas costumam ocorrer principalmente nas mãos e nos pés das pessoas.
Segundo dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde, entre 2019 e 2023, o Brasil notificou 23.868 casos de acidentes com aranhas-armadeiras, com 13 mortes. Apesar do número ser alarmante, e dessa ser de fato uma aranha de grande importância médica, as armadeiras foram superadas pelas aranhas marrons, que menores e domésticas, causaram 38.030 ferimentos, com 50 óbitos registrados no mesmo período.
Vale ressaltar que a denominação "armadeira" diz respeito a um gênero que contempla oito espécies de aranhas, mas a mais perigosa delas é a Phoneutria nigriventer, e também a que concentra mais estudos e pesquisas.
Um grupo de cientistas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) identificou que o veneno da aranha-armadeira tem potencial para tratamentos de disfunção erétil, com uma molécula que pode ser usada em um gel que favoreça a ereção. O estudo começou há quase 20 anos e tem como base uma tese de doutorado, e o medicamento passa por ensaios clínicos.
Ainda que a maioria dos casos de mordida por aranha-armadeira seja considerada leve, com dor localizada, sudorese, vermelhidão e formigamentos, é recomendado procurar auxílio médico de forma imediata. Com certa frequência, os sintomas podem evoluir para sudorese profusa, taquicardia, hipertensão arterial, prostração, vômitos, indicativos de provável edema pulmonar, e presença de sinais sugestivos de choque, como extremidades frias e diminuição da amplitude do pulso ou pulso não palpável.
O Liberal