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3I/ATLAS surpreende astrônomos com aceleração e cor em mutação

Cometa interestelar perdeu massa após passar pelo Sol e revelou fenômenos raros


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3I/ATLAS surpreende astrônomos com aceleração e cor em mutação

• International Gemini Observatory/NOIRLab/NSF/AURA/K. Meech (IfA/U. Hawaii)

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O cometa 3I/ATLAS, terceiro visitante interestelar já registrado, voltou a chamar a atenção de astrônomos ao exibir mudanças de cor, aceleração anômala e perda de massa após passagem próxima ao Sol.

O objeto, detectado em julho por telescópios do sistema ATLAS (Asteroid Terrestrial-impact Last Alert System), atravessa o Sistema Solar em alta velocidade, seguindo uma trajetória de escape que o levará de volta ao espaço interestelar.

Assim como os célebres 1I/ʻOumuamua e 2I/Borisov, o 3I/ATLAS não pertence ao nosso Sistema Solar. Ele é considerado uma espécie de cápsula do tempo de 10 bilhões de anos, que pode conter pistas sobre a formação de sistemas estelares muito antigos.

Observações de diferentes telescópios, inclusive da ESA e do Telescópio Espacial James Webb, confirmam que o corpo celeste exibe características típicas de cometas, com ejeção de gases e poeira, mas apresenta comportamentos incomuns.

Perda de massa e aceleração não gravitacional

Durante o periélio, o ponto mais próximo do Sol, o cometa foi fortemente aquecido, o que provocou a sublimação de gelo e liberação de gases. Esse processo, conhecido como desgaseificação, fez com que o 3I/ATLAS perdesse mais de 13% de sua massa e experimentasse uma aceleração não causada apenas pela gravidade solar.

Segundo o astrofísico Avi Loeb, de Harvard, o cometa sofreu uma aceleração radial de 1,1×10⁻⁶ unidades astronômicas por dia² e uma aceleração transversal de 3,7×10⁻⁷ unidades astronômicas por dia², valores compatíveis com o impulso causado pela ejeção de gases.

Dados do observatório ALMA também confirmaram um desvio de quatro segundos de arco em relação à rota prevista, reforçando a hipótese da aceleração não gravitacional.

Mudanças de cor e brilho

Além da aceleração, o 3I/ATLAS vem mudando de aparência. Inicialmente avermelhado, o cometa adquiriu tons esverdeados e azulados conforme se aproximava do Sol.

Essas variações estão ligadas à composição química do corpo celeste e à forma como seus gases reagem à radiação solar.

A cor vermelha indica a presença de poeira; o verde, de dióxido de carbono e cianeto; e o azul, de compostos como cianogênio e amônia.

O brilho do cometa também aumentou cerca de cinco vezes, segundo medições feitas entre setembro e outubro de 2025 por sondas como o STEREO-A, SOHO e GOES-19.

Estudos recentes publicados no ArXiv e analisados pelo James Webb mostram que o 3I/ATLAS contém altas concentrações de CO₂, CO e H₂O, além de um forte enriquecimento em ferro e níquel. Isso sugere que o objeto passou bilhões de anos exposto à radiação cósmica, o que teria moldado suas propriedades atuais.

Agora em trajetória de saída, o cometa interestelar segue sendo monitorado por telescópios em todo o mundo. Cada novo dado ajuda a desvendar como objetos vindos de outros sistemas estelares interagem com o Sol e quais segredos sobre o universo primordial eles podem carregar.

cnnbrasil

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