Nasa, ESA, STScI, D. Jewitt (UCLA), M.-T. Hui (Observatório Astronômico de Xangai). Processamento de imagem: J. DePasquale (STScI) via CNN Newsource
O Telescópio Espacial Hubble e a sonda espacial Jupiter Icy Moons Explorer capturaram novas imagens de um cometa interestelar enquanto o objeto se aproxima da Terra neste mês.
O cometa 3I/ATLAS tem intrigado astrônomos porque, embora tenha se originado fora do nosso Sistema Solar, foi descoberto atravessando nossa vizinhança celestial em julho.
Por ser apenas o terceiro objeto interestelar já observado cruzando nosso Sistema Solar, os astrônomos direcionaram várias missões para estudá-lo. As observações têm sido fundamentais para ajudar os cientistas a determinar a trajetória do objeto e até forneceram pistas sobre sua composição — graças aos gases que se sublimaram do cometa durante sua maior aproximação do Sol em outubro.
O Hubble foi um dos primeiros a observar o 3I/ATLAS em julho, logo após sua descoberta, fornecendo na época a visão mais detalhada do formato de gota d'água do cometa.
Os astrônomos avistaram o 3I/ATLAS novamente com o Hubble em 30 de novembro, quando estava a 286 milhões de quilômetros da Terra, e, usando o instrumento Wide Field Camera 3 do telescópio, capturaram uma imagem ainda mais nítida.
Enquanto isso, uma imagem capturada pela missão Jupiter Icy Moons Explorer, ou Juice, da Agência Espacial Europeia, que está a caminho de estudar Júpiter e suas luas geladas, mostra atividade intrigante ao redor do cometa.
Avistando duas caudas
A missão Juice investigará o potencial de habitabilidade das três maiores luas de Júpiter: Ganímedes, Calisto e Europa. Acredita-se que as luas abriguem oceanos subterrâneos sob suas crostas geladas que poderiam sustentar vida.
Mas primeiro, a Juice precisa chegar a Júpiter. A missão foi lançada em abril de 2023 e tem previsão de chegada ao seu destino em julho de 2031.
No início de novembro, a Juice estava em uma posição privilegiada para observar o 3I/ATLAS a cerca de 66 milhões de quilômetros de distância do cometa. A nave espacial utilizou cinco de seus instrumentos científicos, além de sua Câmera de Navegação (NavCam) de bordo, para visualizar o cometa.
A maior parte dos dados da Juice só chegará à Terra em fevereiro, pois a nave espacial está usando sua antena principal como escudo térmico para se proteger do Sol durante sua longa jornada até Júpiter.
Uma antena menor está transmitindo dados a uma fração da taxa normal.
A equipe da Juice não quis esperar tanto tempo, então baixou um quarto de uma única imagem capturada pela NavCam. A imagem mostra atividade térmica no cometa durante sua passagem próxima ao Sol.
A foto recém-divulgada mostra uma coma, ou um halo brilhante de gás ao redor do cometa, além de duas caudas: uma cauda de plasma composta por gás eletricamente carregado e uma tênue cauda de poeira formada por partículas sólidas sendo liberadas.

ESA/Juice/NavCam via CNN Newsource
Cometas originários do nosso Sistema Solar geralmente apresentam ambas as caudas, além de uma coma nebulosa envolvendo um núcleo sólido composto por rocha, gás, poeira e gelo remanescentes da formação do Sol, planetas ou outros corpos celestes.
Conforme os cometas se aproximam de estrelas como nosso astro, eles se aquecem, formando caudas de material sublimado que se estendem atrás deles.
O cometa 3I/ATLAS chegará a 270 milhões de quilômetros da Terra em 19 de dezembro, mas estará do outro lado do Sol e não representa risco para nosso planeta. Para referência, a Terra está a aproximadamente 150 milhões de quilômetros do Sol.
Espera-se que o cometa permaneça visível para telescópios e missões espaciais por mais alguns meses antes de deixar nosso Sistema Solar, segundo a Nasa.
O restante dos dados da Juice sobre a passagem do cometa, esperados entre 18 e 20 de fevereiro, deve incluir imagens da câmera óptica de alta resolução da nave espacial, além de dados sobre composição e partículas que podem fornecer mais pistas sobre a origem deste objeto interestelar.
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