Sergio Massa (esquerda) e Javier Milei disputam segundo turno das eleições presidenciais na Argentina neste domingo (19)
Foto: Foto: JUAN MABROMATA, Tomas CUESTA / AFP
Uma das principais parceiras comerciais do Brasil, a Argentina terá um novo presidente eleito neste domingo (19). Estão em disputa dois projetos opostos de país, uma que se mantém na esquerda e o outro que vai para a extrema direita. O resultado deve afetar diretamente a relação institucional com o governo brasileiro.
De um lado, o governista Sergio Massa (Unión por la Patria) — indicado pelo amigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e atual presidente da Argentina, Alberto Fernández, e pela sua vice, Cristina Kirchner — propõe manter e fortalecer a relação com os brasileiros e com demais países da América do Sul.
"Argentina e Brasil são parceiros inseparáveis do ponto de vista comercial e cultural (…) A fraternidade e o trabalho conjunto entre nossos países é o que mais nos fortalece", disse Massa, que é ministro da economia da Argentina, ao se reunir com Lula e Fernando Haddad em 28 de agosto para tratar a entrada do país no Brics.
Do outro lado, Javier Milei (La Libertad Avanza) — outsider que critica a "casta política" argentina — tem propostas disruptivas, como o fechamento do banco central do país e dolarização da economia. Para ele, a Argentina deve sair do Mercosul e se alinhar cada vez mais aos Estados Unidos.
Milei, ao contrário de Lula e seu opositor, não deseja fortalecer as relações com os países da América do Sul, principalmente com aqueles governados por líderes de esquerda. Ele, inclusive, já deu diversas declarações contra Lula, chamando o de corrupto, comunista e "casta vermelha".
"O governo de Alberto Fernández não falava com Bolsonaro. Qual o problema em eu falar ou não com Lula?", questionou Milei no último debate eleitoral, no domingo (12).
Lula deve telefonar para Massa se ele for vitorioso nas urnas e comparecer a sua posse em 10 de dezembro. Caso Milei vença, não deverá haver telefonema e nem prestígio na posse, mas apenas uma nota institucional do governo do Brasil. A informação foi apurada por Raquel Landim, âncora da CNN.
Na última terça-feira (14), Lula afirmou que a Argentina precisa de um presidente que "goste de democracia".
"Lembrem que o Brasil precisa da Argentina e que a Argentina precisa do Brasil, dos empregos que o Brasil gera na Argentina e dos empregos que a Argentina gera no Brasil, do fluxo comercial entre os dois países e do quanto nós podemos crescer juntos", disse Lula.
"Para isso, é preciso ter um presidente que goste de democracia, que respeite as instituições, que goste do Mercosul, que goste da América do Sul", completou.
O PT publicou uma nota institucional no dia 5 deste mês declarando apoio a Massa e dizendo que a democracia argentina pode estar em jogo, no caso de vitória de Milei.
Semelhanças e diferenças com polarização brasileira
Como Lula fez em sua campanha eleitoral contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em 2022, Massa apostou em discurso contra armas na Argentina. Ele também aprofundou as propagandas que incentivam medo contra Milei reta final.
Apesar da oposição a Lula e ao Mercosul, Milei, por sua vez, usou mesmo mote — dizendo que esperança vai vencer o medo — e estratégia do presidente brasileiro na curva final da eleição.
No último dia de campanha, Milei prometeu que não irá privatizar saúde e educação na Argentina. Apesar disso, ele passou toda a campanha, desde antes das primárias, declarando sua intenção em privatizar o máximo de empresas públicas e retirar a interferência do Estado, deixando o mercado regular a economia.
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CNN Brasil