Tarifas de Trump impactarão mais PIB dos EUA do que China e Brasil, diz CNI
REUTERS/Evelyn Hockstein
A política tarifária do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deve levar a uma retração na economia global como um todo. Contudo, a CNI (Confederação Nacional da Indústria) aponta que o próprio PIB (Produto Interno Bruto) norte-americano deve ser mais impactado do que o chinês e o brasileiro.
Enquanto a economia dos EUA deve sentir uma queda de 0,37% em decorrência das tarifas, a China e o Brasil devem passar, cada um, por uma perda de 0,16%, segundo o levantamento publicado nesta quarta-feira (16). No caso brasileiro, isso significa uma perda de R$ 19,2 bilhões no PIB.
Comércio exterior
O comércio mundial deve retrair 2,1%, segundo a CNI, o que significaria uma perda de US$ 483 bilhões no fluxo global.
Olhando para o Brasil, é esperada uma queda de R$ 52 bilhões nas exportações e de R$ 33 bilhões nas importações.
Dentre os setores mais afetados em produção e vendas, o levantamento destaca os industriais e agropecuários:
Tratores e outras máquinas agrícolas: -23,61% em exportações; -1,86% na produção;
Aeronaves, embarcações e outros equipamentos de transporte: -22,33% em exportações; -9,19% na produção;
Carne de aves: -11,31% em exportações; -4,18% na produção.
Os EUA são o principal destino dos envios da indústria de transformação, tendo comprado 78,2% de seus produtos em 2024.
Impactos direcionados
Ademais, a CNI espera que sejam perdidos 110 mil postos de trabalho, sendo:
-40 mil na agropecuária;
-31 mil no comércio;
-26 mil na indústria.
Olhando por estado, os mais afetados no sentido de perda de PIB devem ser:
São Paulo: -R$ 4,4 bilhões;
Rio Grande do Sul: -R$ 1,9 bilhão:
Paraná: -R$ 1,9 bilhão;
Santa Catarina: -R4 1,74 bilhão;
Minas Gerais: -1,66 bilhão.
Complementariedade econômica
A CNI ainda destaca a interdependência que há entre as economias partes. A entidade avalia que "o comércio bilateral é formado por intensos fluxos de insumos produtivos, refletindo a integração das cadeias de valor entre Brasil e Estados Unidos".
A entidade também questiona a tarifa de 50% aplicada contra o país pelo presidente dos EUA, Donald Trump, pela sua desproporcionalidade. Partindo de dados da Receita Federal, o levantamento aponta que o Brasil aplicou tarifa real média de 2,7% às importações norte-americanas em 2023.
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