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Novo porta-aviões da China entra em ação em meio à competição naval com EUA

Maior e mais avançado, Fujian tem deslocamento de 80 mil toneladas métricas e um sistema de catapulta capaz de lançar três tipos de aeronaves


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X / @ChinaMilBugle

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O mais novo porta-aviões da China entrou oficialmente em serviço, um passo significativo para Pequim em sua busca por alcançar os Estados Unidos em termos de supremacia naval.

O líder chinês, Xi Jinping, presidiu a cerimônia de comissionamento em um porto militar em Sanya, na ilha de Hainan, no início desta semana, informou a emissora estatal chinesa CCTV nesta sexta-feira (7).

O Fujian é o terceiro e mais avançado porta-aviões da China, equipado com uma catapulta eletromagnética capaz de lançar três tipos de aeronaves, segundo a mídia estatal chinesa.

O único outro porta-aviões no mundo que possui o sistema EMALS é o mais novo porta-aviões da Marinha dos EUA, o USS Gerald R. Ford, certificado para operações de convés de voo utilizando o sistema EMALS em 2022.

Apesar desses avanços, dois ex-oficiais de porta-aviões dos EUA disseram à CNN no mês passado que as operações aéreas do Fujian podem ainda operar a apenas cerca de 60% da capacidade de um porta-aviões da Marinha dos EUA com 50 anos de serviço.

Os 10 porta-aviões mais antigos da Marinha dos EUA, da classe Nimitz, dependem de catapultas a vapor para lançar aeronaves. No entanto, nenhum dos chineses é movido a energia nuclear, ao contrário de todos os porta-aviões dos EUA.

A energia nuclear permite que os porta-aviões dos EUA permaneçam no mar enquanto houver suprimentos para a tripulação. O Fujian é movido a combustível convencional, o que significa que precisa fazer escala em um porto ou ser encontrado por um navio-tanque no mar para reabastecer.

Expansão naval

A China vem construindo a maior marinha do mundo, lançando navios de guerra de alta tecnologia em um ritmo frenético sob a liderança de Xi Jinping, pressionando os Estados Unidos e seus aliados do Pacífico a acompanharem o ritmo.

Em termos de quantidade de navios, a marinha de Pequim é agora maior que a de Washington, e os estaleiros chineses podem produzir novas embarcações em uma taxa muito maior. Mas os EUA mantêm uma vantagem tecnológica significativa e podem operar muito mais porta-aviões.

Ainda assim, o comissionamento oficial do Fujian representa um marco para a marinha chinesa. Com um deslocamento de 80 mil toneladas, é o navio mais próximo em operação dos porta-aviões da classe Nimitz da Marinha dos EUA, de 97 mil toneladas.

E a China está construindo outro porta-aviões, agora conhecido como Tipo 004, que deverá não apenas empregar a tecnologia EMALS, mas também - diferentemente do Fujian, mas como o USS Ford - ser movido a energia nuclear.

O convés de voo do porta-aviões Fujian é o primeiro da China a dispensar a rampa de lançamento tipo "ski jump" usada por seus porta-aviões menores, Liaoning e Shandong, para que as aeronaves possam decolar por conta própria.

A mídia estatal chinesa e o especialista militar, Zhang Junshe, elogiaram o navio como prova da ascensão da China como uma grande potência em porta-aviões, após os testes de lançamento.

No entanto, surgiram preocupações sobre suas operações aéreas depois que um blogueiro militar chinês comentou um vídeo sobre as forças armadas chinesas na emissora estatal CCTV, que mostrava o Fujian.

O blogueiro, escrevendo no blog de comentários militares Haishixianfeng, disse: "Ambas as catapultas estão situadas perto da seção central frontal da área de pouso, então o J-15 ou o J-35 (os dois caças embarcados da China) passariam por cima das catapultas ao pousar, impedindo temporariamente seu uso para operações de lançamento e, portanto, afetando a eficiência de decolagem dos caças".

Os comentários foram noticiados pelo jornal sul-coreano Chosun Ilbo, e a CNN solicitou aos dois ex-oficiais da Marinha dos EUA que revisassem a reportagem e o vídeo.

Carl Schuster, ex-capitão da Marinha dos EUA que serviu em dois porta-aviões americanos, e o tenente-comandante aposentado Keith Stewart, ex-aviador naval americano, também comentaram sobre o layout do convés do Fujian.

Schuster observou que a área de pouso está angulada apenas 6 graus fora do centro — menos do que nos porta-aviões americanos da classe Nimitz — limitando o espaço entre a pista de pouso e as catapultas.

Além disso, ele sugeriu que a área de pouso, mais longa, se estende muito perto da proa, restringindo ainda mais a movimentação das aeronaves.

Tanto Schuster quanto Stewart notaram que as catapultas dianteiras pareciam ser mais longas no Fujian do que no Nimitz, o que significa que as aeronaves correriam o risco de colisões com o convés de voo ao se deslocarem entre os elevadores e o hangar.

Para mitigar esse risco, disseram eles, a única opção é reduzir o ritmo das operações no convés de voo.


CNN Brasil

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