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Brasileira ex-cunhada de porta-voz de Trump será solta sob fiança nos EUA

"Nós esperamos que ela seja liberada até o final do dia ou amanhã de manhã", disse Todd Pomerleau, advogado de Bruna Ferreira


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A brasileira Bruna Ferreira, que foi detida pelas autoridades de imigração dos Estados Unidos, teve a liberdade sob fiança concedida, nesta segunda-feira (8), por uma juíza de imigração e deve ser solta nas próximas horas.

A informação foi publicada pelo jornal Washington Post e confirmada à CNN Brasil pelo advogado de Bruna, Todd Pomerleau.

"Ela será liberada em breve. O juiz de imigração ordenou sua libertação mediante o pagamento de uma fiança de US$ 1.500, que é o valor mínimo previsto em lei. Argumentamos que ela não representava perigo, não tinha risco de fuga e nem era uma "imigrante ilegal criminosa", como o Departamento de Segurança Interna (DHS) a difamou na mídia", disse a defesa de Bruna.

Segundo o advogado, o trâmite agora segue uma "questão de logística", já que o ICE (Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA) precisa verificar se o valor da fiança está no sistema para que a brasileira seja liberada. "É possível que ela só seja liberada amanhã", complementou Pomerleau.

O caso ganhou repercussão tanto no Brasil quanto nos EUA pelo fato dela ser ex-cunhada e mãe do sobrinho de Karoline Leavitt, a porta-voz do presidente Donald Trump. Leavitt também é madrinha da criança.

De acordo com o advogado da brasileira, a juíza de imigração Cynthia Goodman ordenou a soltura de Bruna mediante o pagamento da menor fiança possível - US$ 1.500 (cerca de R$ 8.100).

"Nós esperamos que ela seja liberada até o final do dia ou amanhã de manhã", disse Pomerleau à CNN Brasil.

"O foco agora é que ela volte para o filho e a família", acrescentou, indicando que Bruna não deve fazer declarações públicas nos próximos dias.

O Washington Post afirmou que o advogado representante do governo Trump no caso de Bruna não se opôs à decisão de soltura, concordando que ela não representa um perigo para a sociedade nem risco de fuga. A CNN Brasil entrou em contato com o DHS (Departamento de Segurança Interna dos EUA) e a Casa Branca e aguarda retorno.

Bruna está detida desde o mês passado no Centro de Processamento do ICE no Sul da Louisiana, na cidade de Basile. Residente no país há quase 30 anos, ela foi presa no dia 12 de novembro, quando dirigia para buscar o filho na escola.

A brasileira já foi noiva de Michael Leavitt, irmão da secretária de Imprensa da Casa Branca, e os dois compartilham a guarda de um filho de 11 anos.

As autoridades do governo Trump alegaram que ela excedeu o prazo de permanência no país em 1999 e também já teria sido presa por agressão - o que é rejeitado pelo advogado. "Ela não possui antecedentes criminais e não é uma 'imigrante ilegal criminosa'", afirmou Pomerleau à CNN Brasil no mês passado.

"Cometi um erro ao confiar nela"

A decisão de soltura acontece um dia após Bruna conceder uma entrevista ao Washington Post, um dos maiores jornais do país, na qual rejeitou a versão da Casa Branca, que a retratou como uma criminosa e mãe ausente.

Ela revelou que travou uma batalha na Justiça pela guarda do filho após se separar de Leavitt, em 2015. Desde então os dois trocaram acusações de ameaças, abuso e negligencia em relação aos cuidados da criança.

Em 2021, o casal combinou que a criança iria morar com o pai em New Hampshire, mas ficaria com a mãe aos finais de semana, relatou o jornal.

Na entrevista, Bruna também falou sobre a ex-cunhada e porta-voz do presidente, que um dia já considerou como uma irmã mais nova. "Pedi à Karoline para ser madrinha no lugar da minha única irmã. [...] Cometi um erro ao confiar nela... O motivo de estarem criando essa narrativa vai além da minha imaginação", disse.

Ao Washington Post, o ex-noivo da brasileira, Michael Leavitt, negou ter agido pela deportação de Bruna. "Não tive qualquer envolvimento no fato dela ter sido detida", disse ao jornal. "Não tenho controle sobre isso e não tive qualquer participação nisso", acrescentou.

Mas Bruna, relata o jornal, disse que ele e seu pai, Bob, disseram à irmã dela nas últimas semanas que ela deveria se "autodeportar" e tentar retornar legalmente.

De acordo com a legislação federal, ela ficaria proibida de retornar ao país por uma década.

Brasileira aguardava o green card quando foi presa

Em novembro, o advogado da brasileira Todd Pomerleau explicou à CNN Brasil que ela chegou aos Estados Unidos ainda criança como uma "dreamer" - como são chamados os beneficiários do DACA (Ação Diferida para Chegadas na Infãncia), programa que concede proteção contra a deportação para crianças que chegam aos EUA.

Pomerleau também afirmou que Bruna não conseguiu renovar o benefício do DACA porque o caso "ficou por anos travado em litígios na Suprema Corte, assim como milhares de outros 'dreamers'".

Trump quis encerrar o programa durante o primeiro mandato, mas a Justiça bloqueou a tentativa. O governo questiona a proteção legal dos "dreamers". "O DACA não confere qualquer tipo de status legal neste país", disse recentemente a secretária adjunta de Segurança Interna, Tricia McLaughlin.

O advogado pontuou que Bruna também estava no meio de outro processo para conseguir o green card.

cnnbrasil

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