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São Paulo — O ex-policial militar Mizael Bispo de Souza, condenado a uma pena de 22 anos e 8 meses de prisão pelo assassinato da advogada Mércia Nakashima, em maio e 2010, move um processo por danos morais e fake news contra o apresentador Joel Datena, da TV Bandeirantes.
Na queixa crime, obtida pelo Metrópoles, Mizael Bispo afirmou ter tido ciência, em dezembro de 2024, de que Datena relembrou o assassinato de Mércia em um quadro intitulado "Brasil Urgente não Esquece".
No quadro, o apresentador comenta que, caso existisse o crime de feminicídio na ocasião do homicídio da advogada, Mizael não teria sido solto. Durante sua fala, Joel Datena chama Mizael de "canalha".
Em suas alegações, Mizael Bispo afirmou que o apresentador usou palavras e afirmações "exclusivamente com a finalidade de cometer crime contra a honra", além de "difamação". Além disso, o ex-policial argumenta que Joel Datena incorreu no crime de notícia falsa ao narrar um "fato desonroso, concreto e com requintes de detalhes […] mas não um simples insulto".
O Metrópoles tentou contato com o apresentador Joel Datena, sem sucesso, o espaço segue aberto para manifestações.
Audiência virtual
A Justiça agendou uma audiência de conciliação virtual, em 12 de maio, para o apresentador e o ex-policial conversarem sobre o caso e, eventualmente, o solucionarem amigavelmente. Por esse motivo, o Ministério Público ainda não se posicionou sobre a queixa crime.
Em 17 de janeiro o Juizado Especial Criminal determinou a redistribuição do caso para varas criminais centrais da capital.
Joel Datena foi intimado em fevereiro, mesmo mês em que Mizael pediu, no dia 20, isenção no pagamento do caso, orçado em R$ 1.851. Para isso, ele fez uma declaração de pobreza, não aceita pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP). Em 25 de fevereiro, Mizael solicitou para que o valor fosse, ao menos, parcelado em 12 vezes, condição aceita pelo judiciário.
O ex-policial, que namorou Mércia Nakashima, foi solto em 22 de agosto de 2023, após ser-lhe concedida a progressão de pena para o regime aberto. Ele permaneceu atrás das grades por 12 anos.
Relembre o caso
Mizael Bispo de Souza foi condenado em março de 2013 pelo assassinato da ex-namorada e advogada Mércia Nakashima, ocorrido em 2010. Ambos eram sócios em um escritório de advocacia e namoraram por cerca de quatro anos. O vigia Evandro Bezerra Silva também foi condenado, a 17 anos e seis meses, por ajudar no crime.
Mércia desapareceu em 23 de maio de 2010, quando foi vista com vida pela última vez na casa de parentes em Guarulhos, na Grande São Paulo. O corpo dela foi localizado em 11 de junho por um pescador, na represa Atibainha, em Nazaré Paulista, interior paulista.
Mizael foi condenado por homicídio triplamente qualificado — por motivo torpe, emprego de meio cruel, mediante recurso que dificultou a defesa da vítima — além do crime de ocultação de cadáver.
Metrópoles