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Em menos de 24 horas, o Rio Madeira estabeleceu um novo recorde pelo quarto dia consecutivo, atingindo 58 centímetros em Porto Velho na noite de quarta-feira (11). Este é o nível mais baixo registrado em quase 60 anos, desde o início do monitoramento do rio em 1967 pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB). Mais de 50 comunidades vivem às margens do Rio Madeira em Porto Velho. Raimunda Brasil, pescadora na comunidade Bom Será há 15 anos, depende da pesca para sua subsistência. Com a seca extrema, a margem do rio praticamente "desapareceu", resultando na perda do sustento da ribeirinha.
A comunidade Bom Será está situada a 80 km da zona urbana de Porto Velho. A situação local é semelhante à de outras comunidades ribeirinhas: sem acesso a água potável, os moradores têm que improvisar para garantir sua sobrevivência. Raimunda relata que o único poço que abastece a comunidade está quase seco e não satisfaz as necessidades básicas da população.
Foto: Marcos Miranda/G1RO
"Às vezes, não há água suficiente nem para cozinhar. Eu e minha família já tivemos que descer o barranco, caminhar na areia e tomar banho com a água do rio," afirma a pescadora.
O Rio Madeira, com quase 1.500 quilômetros de extensão em águas doces, é um dos maiores rios do Brasil e do mundo, além de ser o mais longo e importante afluente do rio Amazonas. Diante desse cenário de seca extrema, o leito do rio está repleto de grandes bancos de areia e montanhas de pedras. Para enfrentar essa crise, Raimunda buscou outras fontes de renda. "Nos últimos tempos, meu marido divide seu tempo entre serviços de pedreiro e barbeiro, e eu vendo alguns produtos em casa para conseguirmos nos sustentar," conta ela.
Foto: Marcos Miranda/G1RO
Agora, a realidade na casa da pescadora é inversa: em vez de pescar e vender, ela compra peixe de outras regiões para garantir a alimentação da família. Segundo Raimunda, esta é a pior estiagem que ela e sua família enfrentam desde que se mudaram para a comunidade há mais de uma década.
Como ocorre a morte dos peixes durante a seca?
De acordo com o biólogo Flávio Terassini, o desaparecimento gradual dos peixes pode ser explicado por dois fatores principais: a formação de bancos de areia devido ao baixo nível das águas, que cria lagos isolados, e a falta de oxigênio nesses ambientes, levando à morte dos peixes.
Portal SGC