Rondônia

Eucatur recebe homenagem pelos 61 Anos em Rondônia com títulos de cidadania para Nair e Ana Gurgacz

Cerimônia homenageará trajetória da empresa e reconhecerá contribuições de Nair Ventorin Gurgacz e Ana Maria Gurgacz, ao desenvolvimento do estado


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Eucatur recebe homenagem pelos 61 Anos em Rondônia com títulos de cidadania para Nair e Ana Gurgacz

Portal SGC

Nesta segunda-feira (31), a Assembleia Legislativa de Rondônia celebrará os 61 anos da Eucatur - Empresa União Cascavel de Transportes e Turismo Ltda - em uma Sessão Solene que concederá Voto de Louvor à companhia e títulos de Cidadania Rondoniense a Ana Maria Cardoso Gurgacz e Nair Vetorin Gurgacz, em reconhecimento aos serviços prestados à população. A homenagem reconhece não apenas a trajetória empresarial, mas o papel histórico da Eucatur na integração de regiões inóspitas, no transporte de milhares de migrantes e no desenvolvimento socioeconômico de Rondônia, estado que ajudou a construir literalmente sobre rodas.

A saga começou em 31 de março de 1964, quando Assis Gurgacz, ex-vendedor de feijão e milho, adquiriu um ônibus Ford F-600 (apelidado de "caixote") em troca de 10 alqueires de terra e seis cabeças de gado. O veículo fazia a linha entre Cascavel (PR) e Santa Tereza (hoje distrito de Santa Tereza do Oeste), com Gurgacz atuando como motorista, mecânico e cobrador. Dois meses depois, a demanda obrigou a compra de um segundo veículo, um ônibus Ford F-600 da Empresa União Erechim, que deu origem ao nome "União Cascavel". Aos poucos, a empresa passou a interligar municípios paranaenses como Catanduvas, Boa Vista da Aparecida e Capitão Leônidas Marques, sempre em estradas de terra que exigiam manutenção constante.

O salto para o Norte do Brasil ocorreu em 21 de agosto de 1972, quando um ônibus da Eucatur partiu rumo ao então Território Federal de Rondônia, transportando colonos atraídos por políticas de ocupação da Amazônia. A viagem durava quatro dias, mas nos períodos chuvosos podia se estender por semanas, com veículos atolando em trechos como o famoso "Inferno da BR-364", entre Vilhena e Porto Velho. Para enfrentar a realidade, a empresa adaptou ônibus com chassis reforçados, suspensões elevadas e tração 4x4, enquanto Assis Gurgacz pressionava o governo pelo asfaltamento da rodovia, concluído apenas em 1984. A comunicação nas áreas remotas dependia de uma rede de rádio amador mantida pela Eucatur, usada inclusive por comunidades para enviar recados urgentes.

Nos anos 1970, a empresa tornou-se vital para o fluxo migratório de agricultores do Sul - muitos deslocados pela construção de Itaipu - que vendiam terras para recomeçar em Rondônia. Os ônibus transportavam famílias inteiras, móveis, animais e ferramentas, em viagens que misturavam esperança e adversidade. Doenças como malária eram comuns, e motoristas carregavam kits de primeiros socorros. A logística incluía paradas estratégicas em garagens improvisadas, onde passageiros dormiam em redes ou no chão. A persistência rendeu frutos: em 1977, a Eucatur inaugurou sua filial em Ji-Paraná (RO), e até 1983, quando Rondônia foi elevado a estado, já operava linhas regulares ligando o território a Mato Grosso, Paraná e São Paulo.

A década de 1980 marcou a modernização. Em 1983, a linha Cascavel-Porto Velho (3.160 km) foi oficializada, e em 1986, a empresa estabeleceu a maior rota regular das Américas: Curitiba-Porto Velho (3.640 km). A informatização chegou em 1987, com a criação do Centro de Processamento de Dados em Cascavel, permitindo controle detalhado da frota e manutenção preventiva. Em 1988, a Eucatur diversificou para o táxi aéreo, operando voos entre Paraná e Rondônia, e em 1989, internacionalizou-se com a linha Boa Vista (RR)-Ciudad Bolívar (Venezuela). A frota, que nos anos 1970 era composta por Mercedes-Benz LP 1113 e Volvo B58, ganhou modelos como o Volvo B10M e carrocerias Marcopolo Paradiso, com ar-condicionado e poltronas leito.


Os anos 1990 consolidaram a Eucatur como referência em inovação. Em 1995, lançou o Amazon Bus, primeiro ônibus brasileiro com geladeira e TV a bordo, projetado para viagens de até 72 horas. Quatro anos depois, surpreendeu com o "Imigrante", um doubledecker com capcidade para 52 passageiros e janelas panorâmicas. Paralelamente, a empresa investia em responsabilidade social: creches para filhos de funcionários, cursos de alfabetização e o SIPATUR (Sistema Integrado de Prevenção de Acidentes de Trânsito Urbano e Rodoviário), que treinou mais de 2 mil motoristas em direção defensiva.

No século XXI, a empresa manteve-se na vanguarda. Em 2002, introduziu ônibus urbanos articulados em Manaus (AM), e em 2008, lançou o Paradiso G61800 DD com design inspirado em Ji-Paraná. Apesar da modernização, manteve tradições: cinco veículos históricos, incluindo o Mercedes-Benz L 312 (seu primeiro ônibus), são preservados em Cascavel. Hoje, com 5 mil colaboradores e operação em 23 estados, a Eucatur enfrenta novos desafios, como a concorrência aérea, mas segue como a única empresa a operar linhas regulares para Rondônia partindo de São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre.

Reconhecimento


Foto: Ana Maria Gurgacz e Nair Ventorin Gurgacz

Além da celebração dos 61 anos da Eucatur, a sessão destaca a contribuição de Ana Maria Gurgacz e Nair Ventorin Gurgacz ao desenvolvimento de Rondônia. Ambas receberão o Título de Cidadãs Honorárias por seus serviços à população e pelo apoio à consolidação da empresa no estado.

Nair Gurgacz, matriarca da família, tem histórico de ações sociais e empresariais, além de cofundadora, criou na década de 1990 o programa "Eucatur Solidária", que doou 1.700 passagens para tratamentos médicos.

"É uma honra receber esta homenagem junto com minha nora, que tanto contribui para nossa família e para Rondônia", adiantou Nair.

Ana Maria, por sua vez, implantou em 2010 o primeiro sistema de bilhetagem eletrônica do estado.

"Este título é o reconhecimento de que nosso trabalho sempre foi sobre pessoas, não apenas sobre transporte", emociona-se Ana Maria.


A Sessão Solene na ALERO não apenas celebra seis décadas de história, mas reafirma o legado de Assis Gurgacz. Para o deputado Luizinho Goebel, autor da homenagem, a Eucatur "é parte da identidade rondoniense". Já Assis Marcos Gurgacz, filho do fundador, destaca que a empresa ainda usa 80% de chassis Volvo - parceria iniciada nos anos 1980 - e mantém a política de renovar 30% da frota anualmente. Com 61 anos, a Eucatur prova que, em um país de dimensões continentais, ainda há espaço para quem une tecnologia à coragem de desbravar.

Diário da Amazônia

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