Rondônia

Racismo: Herança e Luta - Trabalho análogo à escravidão em RO tem perfil racial e setores na mira; assista

Estado é um dos líderes em crimes de injúria racial e exploração laboral, onde o racismo estrutural é apontado como fator de vulnerabilidade


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Portal SGC

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Rondônia ocupa uma das primeiras posições no ranking nacional de crimes de injúria racial e racismo. A mesma população negra, vítima dessas violências, é também a principal afetada por uma exploração mais brutal: o trabalho análogo ao de escravo. O fio que conecta essas duas realidades, segundo especialistas, é o racismo estrutural, um mecanismo que naturaliza a discriminação e mantém grupos em situação de vulnerabilidade constante.

A procuradora do Ministério Público do Trabalho (MPT) em Rondônia, Dra. Camilla Holanda, confirma que o perfil racial das vítimas de trabalho escravo no estado segue a tendência nacional. Ela explica que o racismo estrutura uma sociedade onde certos grupos são vistos como descartáveis, o que alimenta diretamente a exploração laboral.

Para combater esse crime complexo, o MPT utiliza a tecnologia como grande aliada. A plataforma SmartLab, um observatório digital, cruza milhares de dados públicos para mapear regiões de risco, setores econômicos problemáticos e o perfil das vítimas. A ferramenta gera informações essenciais para ações direcionadas e preventivas do poder público.

A chamada "Lista Suja" do trabalho escravo, conforme detalhou a procuradora, é mais do que uma punição moral; é um instrumento econômico crucial. Ela restringe o acesso ao crédito e a participação em licitações de empregadores flagrados explorando trabalhadores, criando um desincentivo financeiro para a prática do crime.

O desafio da fiscalização é imenso em um estado de dimensões continentais como Rondônia. O MPT atua não apenas na punição, mas também na reparação das vítimas - majoritariamente negras e pobres - garantindo seus direitos e reinserção no mercado de trabalho. A prevenção, através da conscientização de empregadores, é outra frente crucial de atuação.

Além da exploração econômica, o racismo se manifesta como uma violência diária. Rondônia é um dos líderes nacionais em registros de injúria racial e racismo, com agressões verbais, discriminações e humilhações que impactam a dignidade e a saúde mental.

O defensor público Dr. Fabio Roberto reforça a importância da denúncia, não apenas para o trabalho análogo ao escravo, mas para todos os crimes de ódio racial. Ele explica que o combate ao racismo é uma ferramenta fundamental para quebrar o ciclo de exploração.

Especialistas apontam que apenas o diálogo constante entre Justiça, poder público e sociedade civil pode reverter os números alarmantes de violações raciais e trabalhistas, duas faces de uma mesma moeda: a herança escravocrata que o país ainda não superou. Denunciar é apontado como um dever de todos.

Natália Figueiredo - Portal SGC

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