Leandro Morais
Porto Velho completou 111 anos como um palco de encontros. Suas ruas são feitas de sotaques, tradições e raízes que se misturam diariamente às margens do Rio Madeira. A capital, que cresceu com ciclos econômicos como o da borracha e do garimpo, e com o comércio fluvial, tornou-se o lar escolhido por milhares que chegaram de longe em busca de novos começos.
A professora Sylvana Ventura é um exemplo. Há seis anos, ela escolheu a cidade para ser sua nova casa. "Aqui tem um povo acolhedor, uma culinária maravilhosa", relata. Outra educadora, a professora Adir Oliveira, que veio do Mato Grosso do Sul, também encontrou em solo rondoniense um terreno fértil para seus projetos. "Porto Velho é uma cidade que a gente ama. Eu vim para cá nas décadas de 70 e me identifico", disse.
No Mercado Central, a mineira Marta Helena trocou sua terra natal pelo artesanato rondoniense. "Vim para Porto Velho em 2011... Vi que no Norte tinha oportunidade, e eu agarrei", contou a empreendedora, que credita seu sucesso à cidade. Ao seu lado, o comerciante Raimundo Nonato alimenta gerações há quase 40 anos com o peixe símbolo da Amazônia. "Eu vim para Porto Velho em 1986, e estou aqui até hoje", afirmou.
A história de superação também é marcada pela paraense Maria de Nazaré, que chegou à capital com apenas oito anos de idade. Ela trabalhou por muito tempo como feirante e, nessa profissão, descobriu sua paixão pelo empreendedorismo. "Comecei a trabalhar na feira... e hoje tenho meu negócio aqui dentro", disse. Maria carrega um orgulho ferrenho pela cidade que a acolheu. "Eu fico brava quando falam mal de Porto Velho. Quem fala mal é porque não conhece", completou.
Essas narrativas modernas se somam às memórias dos pioneiros. Dona Raimundinha, moradora do bairro Caiari, é testemunha de um tempo em que Porto Velho ainda estava se erguendo. "Cheguei em Porto Velho com 19 anos, em 1959", recorda-se. Seu filho, o professor aposentado Ocimar Esteves, tem saudades de uma época em que a cidade tinha uma identidade sonora única. "Era muito bom a gente ouvir o apito do trem... a gente sabia qual era o trem que estava chegando, se era o trem de Vilhena, o trem de Caxias", evocou com nostalgia.
Ao longo de mais de um século, Porto Velho se transformou em um mosaico cultural. O som das águas do Madeira se mistura às histórias de luta e perseverança de quem ajudou a construí-la. Agora, a cidade segue pulsando com a energia de quem trabalha, sonha e acredita.
Para a professora Sylvana, a cidade representa um pedaço diverso do país. "Quando a cidade completa 111 anos, ela mostra a cara do Brasil", refletiu. Já a empreendedora Marta Helena projeta um futuro de prosperidade: "Eu desejo que Porto Velho continue sendo uma cidade de oportunidades, de alegria".
A celebração dos 111 anos marca uma trajetória de lutas e conquistas, impulsionada pela força de um povo que aprendeu a transformar desafios em esperança, e esperança em futuro. Como resumiu a professora Adir Oliveira: "Os 111 anos de Porto Velho significam maturidade. É uma cidade que tem muito para crescer, mas que já tem uma história linda".
Rânderson Santos - SGC