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Prefeitos influencers: popularidade ou gestão pública?

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Prefeitos influencers: popularidade ou gestão pública?

Nos últimos tempos, assistimos ao crescimento de uma nova tendência na política brasileira: prefeitos que se fazem populares através das redes sociais. Com vídeos bem editados, transmissões ao vivo e postagens diárias, gestores municipais utilizam plataformas digitais não apenas para informar a população, mas também para se autopromover de forma intensa. Embora as redes sociais sejam um meio fundamental de comunicação, é preciso cautela para que a busca por engajamento não se sobreponha à responsabilidade administrativa.

O perigo dessa nova onda é que a popularidade digital pode levar os políticos a tomarem medidas extraordinárias diariamente, apenas para gerar impacto e manter a audiência envolvida. A lógica das redes sociais premia o engajamento constante, e isso pode fazer com que um prefeito aja mais como um influenciador do que como um gestor público. O exemplo dos influencers, que se expõem a situações extremas e até irresponsáveis para evitar a perda de relevância e fugir dos haters, deveria servir de alerta. Afinal, uma administração municipal não pode se basear em impulsos ou espetáculos diários, mas sim em planejamento e resultados concretos para a população.

Outro efeito colateral dessa hiperexposição digital é a criação de uma bolha. Políticos que viralizam nas redes sociais tendem a atrair um público fiel e engajado, formado principalmente por seus eleitores e admiradores. Com isso, eles passam a divulgar apenas suas ações positivas, evitando debates críticos e ignorando a oposição. A administração pública, que deveria ser um espaço de diálogo e construção coletiva, acaba se transformando em um jogo de popularidade, onde o objetivo principal é acumular mais curtidas e seguidores.

A questão que se impõe é: estamos trocando uma gestão eficiente por uma administração de espetáculo? A popularidade nas redes sociais pode ser um excelente instrumento para aproximar o gestor da população, mas não pode ser o único critério de sucesso. Prefeitos precisam tomar decisões baseadas em estudos técnicos, planejamento estratégico e impactos a longo prazo, e não apenas no que trará mais visualizações ou engajamento imediato.

A política não pode ser refém do algoritmo. Administrar uma cidade exige compromisso, seriedade e uma visão de futuro que vá além da próxima postagem. Prefeitos devem se comunicar bem, sim, mas sem transformar a gestão pública em um reality show. A eficiência de um governo não se mede pelo número de visualizações, mas pelos resultados concretos que entrega à população.


Fernando Pereira

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