Os ataques que resultaram em oito mortos na zona leste de Porto Velho expõem uma realidade alarmante: a escalada de violência desencadeada pelo confronto entre forças de segurança e o Comando Vermelho. Esta situação exige um olhar criterioso sobre as causas, os efeitos e as medidas necessárias para reverter o caos instaurado na capital.
Primeiramente, é essencial reconhecer que a perda de vidas, sejam de civis ou de envolvidos no crime, representa uma tragédia para a sociedade. A atuação ostensiva do crime organizado não apenas desafia a autoridade do Estado, mas também impõe um clima de medo à população. Pedestres, ciclistas e frequentadores de estabelecimentos comerciais tornaram-se alvos, o que demonstra a total ausência de limites nos ataques da facção.
Por outro lado, a resposta do Estado, com o envio da Força Nacional e a mobilização de recursos aéreos, é uma medida necessária para conter a violência no curto prazo. No entanto, o caráter emergencial dessas ações não pode ofuscar a necessidade de um planejamento estratégico de longo prazo. A desarticulação do Comando Vermelho exige investigações aprofundadas, operações coordenadas e o fortalecimento das instituições locais de segurança.
A mobilização de forças estaduais e federais também deve vir acompanhada de investimentos sociais, especialmente em áreas vulneráveis, como a zona leste da capital. A ausência de oportunidades econômicas e sociais é um terreno fértil para o recrutamento de novos integrantes por facções criminosas. Sem abordar essa raiz do problema, qualquer resposta policial corre o risco de ser apenas paliativa.
A sociedade civil também tem um papel indispensável. É preciso reforçar canais de denúncia anônima, proteger testemunhas e criar um ambiente onde a colaboração com a Justiça não represente um risco. O apoio da população pode ser decisivo para enfraquecer o poder das facções.
É também fundamental que o episódio sirva como um alerta. A segurança pública não deve ser tratada apenas como uma questão policial e, principalmente, como uma mera retórica der camapanhas políticas, mas como um desafio que envolve múltiplas esferas da sociedade. O equilíbrio entre repressão ao crime e prevenção social é a chave para reduzir a violência de forma sustentável.
A tragédia que se abateu sobre Porto Velho reforça a necessidade de uma articulação nacional para enfrentar o crime organizado, que opera de forma cada vez mais estruturada e transnacional. Além das ações repressivas, é imprescindível fortalecer políticas públicas voltadas à educação, saúde e geração de emprego, especialmente em áreas de maior vulnerabilidade. Apenas com investimentos consistentes e contínuos será possível reduzir as desigualdades que alimentam a violência e construir uma sociedade mais segura.
Diário da Amazônia