A iniciativa do Governo de Rondônia de disponibilizar quase 2.500 vagas de emprego através da plataforma "Geração Emprego" representa um passo significativo na modernização dos serviços públicos de intermediação de mão de obra. No entanto, é fundamental analisar essa medida além do otimismo inicial dos números.
A digitalização do processo de busca por emprego é uma tendência irreversível e necessária, principalmente após as mudanças provocadas pela pandemia no mercado de trabalho. A facilidade de acesso via aplicativo móvel democratiza as oportunidades e reduz barreiras geográficas dentro do estado. Porém, é preciso considerar que parte significativa da população ainda enfrenta dificuldades com ferramentas digitais ou mesmo acesso limitado à internet.
O oferecimento de cursos gratuitos de qualificação profissional em conjunto com as vagas demonstra uma compreensão mais ampla do problema do desemprego. Não basta apenas conectar empregadores e candidatos, é necessário preparar a força de trabalho para as demandas atuais do mercado. Entretanto, o sucesso dessa iniciativa dependerá da real adequação dos cursos às necessidades dos setores que estão gerando empregos.
Uma questão crucial que merece atenção é a efetividade da plataforma na conversão de cadastros em contratações reais. A experiência com outros sistemas similares mostra que pode haver uma distância considerável entre o número de vagas anunciadas e as efetivamente preenchidas. Fatores como perfil dos candidatos, requisitos das empresas e condições oferecidas nem sempre encontram um ponto de equilíbrio satisfatório.
O investimento em tecnologia para intermediação de emprego é louvável, mas precisa vir acompanhado de outras políticas públicas que abordem questões estruturais do mercado de trabalho. Isto inclui o fomento à criação de novos postos de trabalho, incentivos à formalização e, principalmente, uma estratégia de desenvolvimento econômico regional que gere oportunidades sustentáveis a longo prazo.
A plataforma pode ser uma ferramenta valiosa, mas não deve ser vista como solução única para o desafio do desemprego. Seu sucesso dependerá da capacidade de integração com outros programas governamentais, da participação efetiva do setor privado e do monitoramento constante de seus resultados para ajustes e melhorias.
O momento exige cautela no otimismo e atenção aos detalhes de implementação. O verdadeiro teste da iniciativa virá com o tempo, através de indicadores concretos de contratações efetivadas e da satisfação tanto de empregadores quanto de trabalhadores com o serviço oferecido.
Diário da Amazônia