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Aliados veem ataque ao STF como sinal de que Tarcísio tentará a reeleição

Pessoas próximas a Tarcísio afirmam que o ataque a Moraes na Av. Paulista reforça que o governador tentará a reeleição em 2026


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Igo Estrela/ Metrópoles

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Na contramão da análise feita por representantes dos mais variados espectros políticos, aliados próximos ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) viram no ataque feito ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), durante o ato bolsonarista do último domingo (7/9), uma sinalização de que o chefe do Palácio dos Bandeirantes planeja mesmo buscar a reeleição em São Paulo em 2026, como ele tem dito publicamente nos últimos meses, apesar do discurso nacionalizado.

Segundo dois importantes aliados de Tarcísio, ouvidos sob reserva pelo Metrópoles, o governador costuma ser estratégico em suas ações e declarações e não implodiria pontes com o Supremo caso seu verdadeiro objetivo fosse concorrer ao Palácio do Planalto contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ambos entendem que Tarcísio chamou Moraes de ditador no "calor do momento", impulsionado pela multidão que gritava "Fora, Moraes" na Avenida Paulista, mas acreditam que houve uma subida de tom do governador calculada.

O objetivo principal dessa guinada mais radical, iniciada uma semana antes com a articulação política em Brasília pela aprovação da anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023, seria pagar a "fatura" da fidelidade exigida por Jair Bolsonaro e seus filhos e se garantir como genuíno representante do bolsonarismo em São Paulo, afastando qualquer possibilidade de um candidato mais à direita roubar-lhe votos dos eleitores conservadores do interior paulista - todas as pesquisas apontam Tarcísio como favorito à reeleição no ano que vem.

Para um desses aliados, não faria sentido Tarcísio radicalizar o discurso para agradar o clã Bolsonaro e correr o risco de perder o apoio do centro em uma eventual corrida presidencial, porque dificilmente o afilhado político do ex-presidente não teria os votos bolsonaristas em um duelo contra Lula em 2026. Ambos afirmam que o governador se recolheu após a manifestação da Paulista e deve cessar as críticas a Moraes, maior algoz do bolsonarismo.

A implosão da boa relação com o STF, que Tarcísio costura desde os tempos de ministro da Infraestrutura no governo Bolsonaro, seria um "péssimo começo" para quem almeja concorrer ao Palácio do Planalto, diz um desses aliados do governador. Outro auxiliar muito próximo afirma que Tarcísio fez os acenos necessários para defender Bolsonaro e nacionalizar seu nome, mas deve mesmo focar na reeleição ao governo paulista. "Quem pode mais, pode menos", resume o interlocutor.

Nas últimas semanas, Tarcísio foi a Brasília para "mergulhar" na articulação por um projeto de anistia que contemple Bolsonaro. O governador também disse, em entrevista, que não confia na Justiça e que, caso fosse eleito presidente, concederia indulto ao ex-presidente em seu primeiro ato de governo. Ao atacar Moraes para uma plateia com mais de 40 mil bolsonaristas na Paulista, Tarcísio riscou um importante item da cartilha do bolsonarismo pelo qual ele era bastante cobrado nos bastidores e publicamente.


Metrópoles


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