O equívoco de armar a população como forma de combater a violência
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O aumento alarmante de 215% no registro de armas de fogo em Rondônia nos últimos quatro anos, conforme dados levantados pelo Instituto Igarapé, merece atenção e reflexão por parte da sociedade e das autoridades responsáveis pela segurança pública. Esse índice, que coloca o estado na 12ª posição do ranking nacional em número de armas registradas, deve ser analisado com seriedade, pois representa um sintoma preocupante de uma estratégia equivocada que foi defendida pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores.
A aposta no armamento da população como forma de combater a violência no país é uma visão que ignora os riscos e as consequências desastrosas que podem surgir dessa medida. Colocar armas nas mãos de pessoas despreparadas e sem treinamento adequado é uma ação irresponsável que pode resultar em mais violência e mortes. É ilusório acreditar que armar indiscriminadamente a população seja uma solução efetiva para enfrentar a criminalidade.
A disponibilidade crescente de armas de fogo pode levar a um aumento nos casos de homicídios, acidentes com armas e roubos, além de agravar os conflitos e as tensões em situações de confronto. Não é segredo que o Brasil já enfrenta altos índices de violência, e a disseminação descontrolada de armas pode transformar a realidade em uma espiral de violência sem precedentes.
É fundamental reconhecer que a segurança pública não pode ser resolvida de maneira simplista e unilateral. Combater a criminalidade exige um conjunto de medidas bem planejadas e embasadas em evidências, que incluam o investimento em inteligência policial, o fortalecimento das instituições de segurança, a implementação de políticas sociais para combater as causas estruturais da violência e a promoção do desarmamento responsável.
Para combater a criminalidade sem colocar a vida da população em risco, é preciso investir em políticas de prevenção, educação e reinserção social. Ações que promovam a formação de cidadãos conscientes, o acesso a oportunidades de emprego e educação, bem como o fortalecimento dos laços comunitários são fundamentais para construir uma sociedade mais segura e resiliente.
O desafio da segurança pública é complexo e exige uma abordagem ampla, baseada em evidências e com a participação de diversos atores sociais. Armar indiscriminadamente a população não é a resposta para esse problema. Pelo contrário, essa medida pode agravar ainda mais a situação, colocando em risco a vida dos cidadãos.
Portanto, é fundamental que as políticas de segurança sejam conduzidas com responsabilidade e pautadas no respeito à vida e aos direitos humanos. Somente assim poderemos construir um país mais seguro e justo para todos os brasileiros.
Diário da Amazônia