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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizou a pavimentação de 52 quilômetros da BR 319

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Facão e apagão

No distante ano de 1989, em Altamira (PA), o 1º Encontro das Nações Indígenas do Xingu, com a presença de centenas de líderes indígenas pintados para a guerra, ouviu-se o primeiro grito forte contra a Usina Hidrelétrica de Kararaô, que depois desses protestos até mudou de nome: passou a ser "Belo Monte", metade de um insulto brasileiro muito conhecido.

O grito vinha de Tuíre Kayapó, jovem de 19 anos, que desafiou o coordenador da Eletronorte, José Antônio Muniz Lopes, encostando-lhe um enorme facão no rosto e dizendo: "Branco, você não tem floresta. Essa terra não é sua. Você nasceu na cidade e então veio para cá atacar nossa floresta e nossos rios. Você não vai fazer isso". A ousadia valeu a Tuíre a imagem que correu o mundo e adiou por vinte anos as obras da temida usina, que para os índios era o fim do mundo.

Ao sereno Muniz Lopes, a surpresa do gesto lhe rendeu uma posição de destaque na história da eletricidade do Brasil, pelo rigor técnico de sua trajetória. Lopes ainda sofreria um novo susto: ao começar uma palestra sobre a mesma usina, já em 2001, ocorreu um apagão que o silenciou. Tuíre morreu em agosto, aos 54 anos, vitimada por um câncer, justamente quando os povos indígenas - e de resto os brancos em geral, por todo o mundo - temem que os rigores climáticos possam lhes trazer fim do mundo que ela e seu facão adiaram por décadas.

Para acalmar...

Visando acalmar as bancadas federais do Amazonas e de Rondônia e prestigiar os candidatos a prefeitos da sua base aliada, o presidente Lula autorizou a pavimentação de 52 quilômetros da BR 319, sendo 20 quilômetros agora e 32 logo em seguida. As pressões são enormes para que sejam iniciadas logo as obras no chamado "meião", em plena selva amazônica, onde a travessia no inverno do Norte (leia-se estação das chuvas) é um verdadeiro drama. Com o Rio Madeira espichando o bico com a estiagem, governadores, senadores, deputados federais da região querem acelerar a completa restauração da rodovia que liga Manaus a Porto Velho. Mas isto, é mais fácil galinha criar dentes.

Pode escolher

Com mais evidências que teremos eleições em dois turnos em Porto Velho - com Marina Carvalho chegando em primeiro lugar no primeiro turno entre 37 a 40 por cento dos votos - se quiser ela poderá escolher com quem polarizar para a etapa seguinte. Se achar mais conveniente Leo Moraes é só descer a ripa no lombo dele. Caso a opção de polarização seja com Euma Tourinho (MDB), seria o mesmo tratamento. Ela pode escolher também alguma outra opção, como Célio Lopes, da esquerda, já que Leo e Euma são do seu segmento, a direita conservadora. Prudente (ou fujona para os oposicionistas), Mariana está evitando até sabatinas, como ocorreu na Record na terça-feira.

Menos formiguinhas

Em campanhas anteriores neste momento as principais ruas e avenidas de Porto Velho já estavam infestadas de formiguinhas e tamanduás. Dois motivos estão retardando maior engajamento e a entrada em campo destes apoiadores: primeiramente as fortes camadas de fumaça que tomaram conta da capital intoxicando a população e proporcionando uma epidemia de gripe, em segundo lugar e a articulação dos diretórios municipais de segurar os recursos para as últimas duas semanas de campanha. Candidatos a vereança de vários partidos chiando que não receberam nadica de nada até agora.

Punhal da traição

Para trair e apunhalar na política de Porto Velho é só se coçar. Muitos postulantes a vereança ameaçando seus candidatos a prefeito de virar a casaca se o repasse prometido não chegar nas suas contas. É consenso entre os candidatos que sem recursos os postulantes a vereador que vão enfrentar as máquinas dos atuais edis e de postulantes abastados, não terão chances no pleito de 6 de outubro. Vai rolar grande compra de votos na capital. A justiça eleitoral precisa ficar atenta aos acontecimentos, bem como os dirigentes partidários que atuam na fiscalização.

Políticos sofrem

Não pensem que a vida é um mar de rosas. Nesta campanha eleitoral, seja em Ji-Paraná, Cacoal, Vilhena ou Guajará Mirim, o que se vê são os candidatos penando sob um calor infernal e uma fumaceira terrível acarretando muita dor de cabeça. Eles penam também em fingir que gostam de crianças catarrentas, abraçadas efusivamente, tomar café requentado e água contaminada de poço caseiro sujeita a diarreia e complicações gastrointestinais. Políticos também sofrem...

Eleições 2026

Os caciques políticos rondonienses participam ativamente do pleito 2024, mas estão mais interessados mesmo é nas eleições de 2026. Hildon Chaves (PSDB-Porto Velho), Jaime Bagatolli (PL-Vilhena), Ivo Narciso Cassol (PP-Rolim de Moura), Sérgio Gonçalves (União Brasil-Porto Velho), Confúcio Moura (MDB-Ariquemes) estão de olhos voltados para o Palácio Rio Madeira. Já, Marcos Rocha (União Brasil-Porto Velho), Marcos Rogério (PL-Ji-Paraná), Expedito Junior (PSD- Rolim de Moura) e Melki Donadon (Vilhena), com interesse nas duas cadeiras ao Senado.

Via Direta

*** Seguem as projeções de enorme índice de indecisos e de abstenções nas eleições em Porto Velho *** Alguns eleitores sequer conhecem os nomes dos sete candidatos que vão disputar a eleição em 6 de outubro *** Manaus e Porto Velho mostram indícios de aquecimento no mercado imobiliário, principalmente para imóveis novos, prioridade nos financiamentos no sistema de habitação *** Se a fumaceira assim permitir, o ex-presidente Jair Bolsonaro virá em Ji-Paraná e Porto Velho no final deste mês. Os candidatos bolsonaristas estão em êxtase *** O palanque do bolsonarismo é para Afonso Candido em J-Paraná e de Mariana Carvalho em Porto Velho.

Qual sua maior preocupação em relação à seca no rio Madeira nos próximos meses?

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