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Equilíbrio entre mobilidade urbana e fluxo logístico: um desafio necessário

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Foto: Reprodução

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A decisão do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) de aprovar o controle de fluxo de caminhões na BR-364, no perímetro urbano de Porto Velho, representa um importante passo na busca por soluções para os problemas de mobilidade urbana na capital rondoniense.

A medida, que entrará em vigor em abril, restringirá a circulação de veículos pesados nos horários de pico — das 6h30 às 8h30 e das 17h às 20h nos dias úteis — e levanta questões que merecem uma análise cuidadosa sob diferentes perspectivas.

Por um lado, é inegável a necessidade de intervenção no atual modelo de tráfego. O trecho urbano da rodovia federal, tornou-se um ponto crítico de congestionamentos e acidentes graves. A coexistência de tráfego local com veículos de carga em uma mesma via tem mostrado resultados preocupantes, evidenciados pelo histórico de sinistros fatais na região.

Contudo, é preciso considerar os impactos econômicos desta restrição. Porto Velho é um importante entreposto logístico da região Norte, e a BR-364 constitui artéria vital para o abastecimento não apenas da capital, mas de todo o estado e parte da Amazônia Ocidental. Restringir o fluxo de caminhões pode significar atrasos nas entregas e potencial elevação de custos operacionais para o setor de transportes.

O equilíbrio entre segurança viária e eficiência logística não é tarefa simples. A implementação gradual, precedida por campanhas educativas conduzidas pela Secretaria Municipal de Trânsito em parceria com a Polícia Rodoviária Federal, demonstra sensibilidade às múltiplas dimensões do problema.

Cabe ressaltar que medidas restritivas isoladas raramente produzem resultados duradouros. É fundamental que esta iniciativa integre um plano mais amplo de mobilidade urbana, que inclua investimentos em rotas alternativas, terminais de carga periféricos e, possivelmente, a construção de um contorno rodoviário que desvie o tráfego de passagem para fora da malha urbana.

A experiência de outras capitais brasileiras demonstra que soluções definitivas passam pela separação física entre o tráfego urbano e rodoviário. Enquanto tal separação não se concretiza, medidas paliativas como esta são necessárias para preservar vidas.

O sucesso desta iniciativa dependerá da capacidade de fiscalização, do comprometimento do setor de transportes e da compreensão da população sobre sua importância. Mais que uma simples restrição de horários, esta medida representa uma oportunidade para repensar o modelo de desenvolvimento urbano de Porto Velho e sua integração com as dinâmicas econômicas regionais.

O verdadeiro desafio não é apenas implementar a restrição, mas construir, a partir dela, um diálogo produtivo sobre o futuro da mobilidade na capital rondoniense, conciliando segurança, eficiência logística e qualidade de vida urbana.


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