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Mitigar é a nova chave
A constatação é triste, mas as lutas e campanhas encetadas entre os anos 1960 e 1980 pregando a salvação da Amazônia foram arruinadas pela ditadura até 1985 e pela democradura daí por diante. Na atualidade, depois de perdas contínuas, intensas e crescentes, o verbo não é mais "salvar", mas "mitigar".
A COP30, como se pode notar por todos os anúncios de atividades programadas a se realizar de 10 a 21 de novembro, tem como objetivos claros preservar o que ainda for possível e mitigar os severos impactos que o aquecimento global já registra em várias partes do mundo. Exemplo disso é o Plano de Mitigação dos Impactos do Mercúrio no ambiente amazônico e em suas populações, uma iniciativa estratégica e abrangente do Fundo Mundial para a Natureza (WWF-Brasil) voltada para a proteção da saúde humana e ambiental.
Apontando ações eficazes para minimizar a contaminação por mercúrio nas regiões impactadas pela extração ilegal de ouro e de outras atividades econômicas, com alternativas para conter piores condições em populações vulnerabilizadas na Amazônia, no plano foi estruturado em três grandes eixos: Saúde, Segurança Alimentar e Segurança Hídrica. Longe de abdicar das lutas para salvar o que for possível, o novo plano tem um grande potencial de sugestão de atividades atuais muito válidas para recuperar as antigas bandeiras, motivando quem já havia desistido.
Não sai da moita
Ao deputado federal Lucio Mosquini, com relação ao seu relacionamento com o MDB, se atribui aquele velho adágio popular, de que ele não defeca e não sai da moita. Ocorre que o empedernido bolsonarista tinha anunciado sua saída do partido de Confúcio Moura e não conseguindo o objetivo de tomar goela abaixo importantes legendas conservadoras, desistiu de pular fora. Como ele é presidente estadual do MDB e com isto direciona os polpudos recursos do fundão eleitoral da legenda, constatou que a saída já não era tão conveniente, já que tem interesse em disputar uma cadeira ao Senado ou até o governo estadual.
Sinuca de bico
Bases do MDB estão revoltadas com Mosquini, cria do senador Confúcio Moura, que deu abrigo em seu governo e projetou o parlamentar a Câmara dos Deputados. Exigem a sua expulsão. Isto não é fácil, e é mais fácil galinha criar dentes. Ocorre que o rateio dos recursos do fundo eleitoral é feito de acordo com o número de deputados federais no Congresso Nacional. Com isto, não é da conveniência do diretório nacional do partido expulsar Mosquini facilitando suja saída e ingresso numa legenda bolsonarista. Se Mosquini realmente quiser sair, vai aproveitar a janela partidária em março do ano que vem, com ela ele pode pular do barco sem perder o mandato.
Tem maioria
O prefeito Leo Moraes (Podemos) mantém maioria na Câmara de Vereadores de Porto Velho, mas já enfrenta alguma oposição, o que na gestão do seu antecessor não acontecia. Alguns vereadores não querem passar por ovelhas, mas com mais alpiste (nomeações de parentes e apaniguados, e negócios de agulha a avião) não ficarão constrangidos em ficar coleguinhas e pular cirandinha com o atual alcaide. O jogo é este, Leo Lion disponibiliza cargos e benesses aos edis, e aqueles que não obedecem sua cartilha - ou querem mais do que o combinado- não serão bem tratados. E aos desobedientes, pão e água.
Dança dos favoritos
Eu sempre lembro o sortilégio que envolve os favoritos na disputa ao governo de Rondônia. O retrospecto dos favoritos - exceto no caso de Ivo Cassol - é enorme. Jeronimo Santana, virou sobre Odacir Soares (86), Oswaldo Piana surpreendeu Valdir Raupp (90), Raupp derrotou um dos maiores favoritos de todos os tempos, Chiquilito Erse em 1994 e foi derrotado de virada, por José Bianco em 98. O que dizer de Confúcio Moura, que não era favorito em suas duas disputas, ao Palácio Presidente Vargas e que foi eleito e reeleito? Mais recentemente Marcos Rocha surpreendeu Expedito Junior e depois ganhou de virada do favorito Marcos Rogério.
Todo cuidado
Com todo este retrospecto de favoritos se ferrando, o atual favorito na peleja ao governo de Rondônia em 2026, Marcos Rogério (PL) está agindo com toda prudência para a próxima disputa no ano que vem. Deve lembrar que na eleição passada ganhou todos os debates de Marcos Rocha, chegou a sapatear em cima do atual governador e não adiantou nada, apresentar mais qualidade, mais competência. Passou ao público uma imagem de arrogante (ou o público ficou penalizado com Rocha, todo meigo nos debates?) e acabou levando a pior. É coisa de louco!
Na prefeitura
Também nas pelejas a prefeitura de Porto Velho estamos cansados de ver favoritos tombando e se lascando, tubulando gloriosamente. Na primeira eleição de Hildão Chaves, Leo Lion era o grande favorito e acabou sendo derrotado, num dos pleitos mais surpreendentes ocorridos até hoje. E vejam como são as cosias, na eleição 2024, a grande favorita era Mariana Carvalho, tanto é verdade que aplicou uma sova em Leo no primeiro turno e no segundo turno aquela baita reviravolta, com a brilhante vitória do atual alcaide, dando o troco na turma dos tucanos.
Via Direta
***Como o presidente dos Estados Unidos Donald Trump anuncia a reabertura da celebre prisão de Alcatraz, em Rondônia pode ser cogitada a reabertura do presídio da temida ilha de Santo Antônio ou algo equivalente, já que o local daquela penitenciária deve estar bem alagado *** Brincadeiras à parte, os Estados Unidos e a Rússia seguem fazendo a Ucrânia de gato e sapato, com milhares de vítimas nesta guerra insana. A Ucrânia, que no passado teve promessas de apoio destes dois países, pela entrega de seu legado nuclear, foi traído miseravelmente e sofre as consequências *** Americanos e russos não são amigos de ninguém.
Carlos Sperança