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A confirmação da presença do vírus da influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP) em uma granja comercial no Rio Grande do Sul marca um novo capítulo para a avicultura nacional. Após quase duas décadas de esforços para manter o setor livre desse agente infeccioso, o Brasil enfrenta agora o desafio de conter rapidamente a doença em seu primeiro foco detectado em aves comerciais. O episódio exige reflexão madura e informada, evitando alarmismos, mas reconhecendo a seriedade do ocorrido.
Em primeiro lugar, é fundamental esclarecer que o risco à saúde humana permanece muito baixo. O consumo de carne de aves e ovos segue seguro, desde que os produtos sejam inspecionados, pois a transmissão do vírus por meio alimentar não ocorre. Casos humanos de infecção são raros e, quando acontecem, geralmente envolvem contato direto e intenso com aves doentes, sobretudo entre profissionais do setor. Portanto, não há motivo para pânico entre consumidores.
Por outro lado, a preocupação legítima recai sobre a sustentabilidade da cadeia produtiva e seus impactos econômicos e sanitários. O Brasil ocupa posição de destaque global no mercado de proteína animal, especialmente de aves, sendo protagonista em exportações e responsável pelo abastecimento interno. Qualquer ameaça à sanidade do plantel nacional pode afetar não só a segurança alimentar, mas também o emprego e a renda de milhões de brasileiros, além das relações comerciais com outros países.
Felizmente, o país não chega a este momento despreparado. Desde a década de 2000, o serviço veterinário brasileiro vem investindo em treinamento, estrutura e vigilância. O acompanhamento de aves silvestres, o monitoramento rigoroso na avicultura comercial e de subsistência, a educação sanitária e o controle em fronteiras são exemplos de políticas adotadas que, até aqui, foram fundamentais para postergar a entrada da doença no sistema produtivo comercial.
Agora, a resposta rápida é decisiva. As medidas de contenção e erradicação previstas no plano nacional de contingência já estão em curso, envolvendo a notificação a organismos nacionais e internacionais, além do diálogo transparente com parceiros comerciais e a cadeia produtiva. A condução técnica e transparente é o melhor caminho para preservar a confiança dos mercados e da opinião pública.
Este episódio evidencia o valor dos investimentos constantes em sanidade animal e na prontidão dos serviços oficiais. A situação exige, mais do que nunca, união de esforços entre governo, setor privado e sociedade. O objetivo maior dessa medida é debelar o foco, manter a produção segura e garantir que o Brasil siga sendo referência mundial em qualidade, segurança alimentar e responsabilidade sanitária.
Diário da Amazônia