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Sempre que as bases governistas racham, acabam levando pau da oposição nas urnas em Rondônia

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Tudo tem consequências

O garimpo é uma das fontes de riquezas mais polêmicas. Sua capacidade de gerar ganhos é diretamente proporcional aos riscos apresentados nas atividades de extração. Um desafio ao anarco-liberalismo, que avança no mundo, propondo a liberdade plena em um mundo no qual as pessoas são vigiadas e submetidas a um imenso cipoal de leis locais, regionais, nacionais e mundiais, disciplinar o garimpo não é tarefa simples, mesmo com tantas leis.

Há uma lei não escrita segundo a qual só se deve mudar algo se as consequências da mudança forem avaliadas. O avanço da mecanização agrícola nos tempos ditatoriais expulsou mão de obra das regiões de culturas perenes e concentrou a posse da terra, determinando a expulsão de milhares de camponeses. Sem a prevenção das consequências, ficaram ao deus-dará mulheres e crianças abandonadas, situações que depois iriam resultar na criminalidade infanto-juvenil e no atual contingente recrutável por gangues urbanas e o crime organizado.

Todos querem os criminosos presos, mas quem quer cuidar dos filhos deles soltos nas ruas? Toda mudança tem consequências e é preciso preveni-las. A operação para expulsar garimpeiros na Terra Indígena Kayapó, no Pará, é positiva, mas falta combinar com os indígenas o que virá depois. Afinal, eles também ganhavam com a exploração do ouro, mediante autorizações e outras formas. Criou-se um problema social que requer solução.

Bases rachadas

Sempre que as bases governistas racham, acabam levando pau da oposição em Rondônia. Temos vários casos para lembrar: o MDB rachado não conseguiu eleger em 90, o vice-governador Orestes Muniz, prevalecendo Oswaldo Piana Filho num segundo turno com Valdir Raupp. Desunida a base pianista acreditando numa vitória fácil nas urnas em 94, o candidato chapa branca Chiquilito sucumbiu frente a Valdir Raupp, derrotado na eleição anterior. Em 1998, a base de Raupp rachou e facilitou a vitória do seu opositor José Bianco. Também Ivo Cassol não emplacou seu sucessor, Jose Cahula quando ele rachou com Expedito. Deu Confúcio na cabeça. Aí a base aliada de Confúcio se dividiu e não elegeu Maurão de Carvalho, e por aí vai.

Eleições 2026

Os exemplos recorrentes de eleições passadas não estão servindo para nada aos atuais governantes. A federação União Progressista, do governador Marcos Rocha, está rachada para as eleições do ano que vem com três candidatos ao Palácio Rio Madeira, sede do governo estadual. Não é difícil adivinhar que quem for rifado vai pular para outro partido ou apoiar um outro candidato, como ocorreu nas eleições municipais quando o deputado federal Fernando Máximo, com seu apoio, elegeu o atual prefeito Leo Moraes. Passa o tempo e a política não muda muito nestas paragens. A canibalização é enorme;

Sob ataque

O diretor geral do Detran de Rondônia, Sandro Rocha, agora conhecido em Rondônia, por "maninho", está sob ataque da oposição. Além da polemica viagem à Europa com uma comitiva, os oposicionistas estão espalhando pelo estado afora um decreto assinado pelo governador do Acre Gladson Camelli no qual "Maninho" foi demitido no vizinho estado. Maliciosamente, os oposicionistas acusam Sandro Rocha de ter saído corrido de lá. Até então, Sandro estava evoluindo bem para se eleger deputado estadual no pleito do ano que vem. Agora pode ter que suar bem mais para levar seu projeto adiante.

Cassolismo festeja

As contas vigentes no cassolismo é a seguinte: se o ex-governador Ivo Cassol, com o status de inelegível já lidera as pesquisas eleitorais para as eleições de 2026 ao governo de Rondônia, calcula-se que com ele livre das amarras da inelegibilidade será o cara. Ivo é o único político conservador em Rondônia que não depende das bênçãos bolsonaristas para ser bem-sucedido no estado, mesmo porque ele tem muito mais muita semelhança com elação ao comportamento político de Jair Bolsonaro do que os demais postulantes bolsonaristas: é mais autoritário, brigão, turrão, centralizador, mas carismático.

Pesquisas fajutas

Constato que as primeiras pesquisas encomendadas pelos partidos políticos para as eleições de 2026 ao governo de Rondônia, Senado, Assembleia Legislativa e Câmara dos Deputados estão furadas e fajutérrimas. Na eleição a governador, os institutos mal-intencionados não inserem o nome do senador, o ex-governador Confúcio Moura (MDB), que está bem elegível e colocam o nome de Cassol inelegível. Se Confúcio tivesse sido inserido nas sondagens, mudaria alguma coisa. De resto, estima-se que poderia haver uma polarização entre Marcos Rogério (PL) e Ivo Cassol (PP). Com a diferença que Marcos Rogério está elegível, Ivo Cassol ainda não.

Via Direta

*** Em Rondônia, quando um político cobra propinas na sua municipalidade, ao invés de ser punido é promovido. Nestas bandas a moralidade é bem elástica. Mas, cobrar 35 por cento de mensalinho já é demais *** A juíza Elma Tourinho deixou o MDB e vai buscar abrigo em outras legendas para disputar a Câmara dos Deputados. Ocorre que no meio conservador bolsonarista ela não terá espaço para crescer e seguir sua carreira política *** Aumentam os atritos entre os vereadores ovelhas e os independentes em Porto Velho. Os ovelhas são 19, e os independentes apenas quatro e ficam de fora das benesses da municipalidade. E são tratados a pão e água, como ocorria nas gestões passadas.

Carlos Sperança

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