Porto Velho (RO), 06 de
Junho de 2025 - 13:05:16
Divulgação
No último dia da Rondônia Rural Show, fui abordado por uma senhora que, devido a um acidente recente, está temporariamente com a mobilidade comprometida. Ela contou que, apesar de ter ouvido muitos elogios sobre a feira e estar animada para conhecer os espaços, teve que limitar sua visitação a poucos estandes por conta da quase total ausência de acessibilidade. "Foi muito cansativo e difícil circular", me disse com um sorriso resignado, apesar da frustração evidente.
Mesmo sem interesse direto na compra de máquinas ou tecnologias para o agronegócio, ela fez questão de visitar os espaços das agroindústrias e dos artesanatos, onde consumiu e valorizou os produtores locais. Disse que teria comprado mais, experimentado mais e ficado mais tempo, se não estivesse tão difícil se locomover. A visita se tornou um esforço físico que poderia ter sido evitado com rampas, calçadas niveladas, pisos adequados e transporte acessível — medidas simples, mas fundamentais.
O Governo de Rondônia tem dado importância aos números, e com razão. Foram mais de 400 mil visitas nesta edição, o que comprova a relevância do evento para o setor agropecuário e para o turismo de negócios. No entanto, é preciso olhar além dos números. Pensar em acessibilidade é também pensar em inclusão social, em humanidade e em ampliar o público que pode participar da feira — como já foi feito há duas edições, quando os povos indígenas ganharam espaço para mostrar seus produtos, cultura e talento.
É verdade que, proporcionalmente, o número de pessoas com mobilidade reduzida pode parecer pequeno diante da multidão que passa pela feira. Mas para quem vive essa limitação, a diferença não é percentual — é real, concreta e humana. Basta que um visitante com deficiência ou dificuldade de locomoção encontre as condições mínimas para circular com dignidade para que se justifique todo o investimento em acessibilidade. A inclusão não é só um gesto de respeito — é um direito. E quando garantida, torna qualquer evento mais justo, acolhedor e verdadeiramente grandioso.
Fernando Pereira
