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Indústria 4.0 e bioeconomia em foco para ampliar valor e acesso a mercados

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Foto: Reprodução

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Os números recentes sobre o comércio exterior indicam que Rondônia é um estado em plena interlocução com o mundo, mas também expõem a necessidade de calibrar estratégias diante de um ambiente global sujeito a mudanças regulatórias e tecnológicas. A expansão das vendas para 97 países e o patamar de aproximadamente US$ 2 bilhões em sete meses confirmam a relevância da base produtiva, enquanto a concentração em soja, carnes e café reafirma especialização competitiva construída ao longo de décadas. Esse desenho, embora eficiente, exige atenção a riscos de demanda, volatilidade de preços e pressões ambientais e tarifárias.

O debate sobre novas taxações no mercado norte-americano, onde as compras somaram 4,75% do total, exemplifica a natureza dinâmica das barreiras comerciais. Em paralelo, a liderança chinesa, com 31,46% das aquisições, amplia a necessidade de estratégias de diversificação e de mitigação de dependências. Em ambos os casos, a resposta mais sólida não se limita à defesa comercial: passa por produtividade, rastreabilidade, qualidade, inovação e credenciais de sustentabilidade.

Nesse ponto, a organização de um ecossistema de dados e inteligência setorial não é mero adorno institucional. Ao consolidar informações em séries como "Rondônia em Números" e "Indústria em Números", e ao articular um webinar sobre rotas tecnológicas e bioeconomia, o Observatório da Indústria oferece um arcabouço para decisões baseadas em evidências. A integração a uma rede nacional, com centenas de profissionais, amplia a capacidade de comparar métricas, antecipar tendências e selecionar tecnologias com melhor custo-benefício para a realidade local.

Os vetores da Indústria 4.0 e da transformação digital não são uma promessa distante. Sensoriamento, automação, análise de dados e integração de cadeias podem reduzir custos logísticos, elevar previsibilidade e atender exigências regulatórias externas. Quando combinados à agenda de sustentabilidade — com metas de descarbonização, uso eficiente de recursos e valorização de serviços ambientais —, esses instrumentos posicionam o setor produtivo em patamar compatível com exigências de mercados mais competitivos.

A bioeconomia emerge como ponte entre produtividade e conservação. Rotas tecnológicas capazes de agregar valor à produção agroindustrial, ampliar a rastreabilidade e estimular arranjos produtivos locais criam alternativas para reduzir a exposição a choques externos. O desafio é transformar conhecimento em prática, com governança, metas mensuráveis e avaliação contínua de resultados.

Aos formuladores de políticas, cabe alinhar infraestrutura, qualificação e financiamento a essa transição. Ao empresariado, é crucial incorporar métricas, padrões e certificações que abram portas em mercados estratégicos. À academia e às entidades setoriais, a missão de produzir e difundir conhecimento aplicável. Em um ambiente global competitivo, a combinação de dados, tecnologia e sustentabilidade não é apenas oportunidade: é condição para permanência e expansão.

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