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A BR-319 é uma das estradas mais estratégicas da Região Norte, ligando Porto Velho (RO) a Manaus (AM) e, por consequência, ao restante do país. Em meio à sua extensão, o chamado "Trecho do Meio" sempre se destacou pela dificuldade de tráfego. Com cerca de 400 km, essa parte da rodovia se transforma em grandes atoleiros durante o Inverno, criando obstáculos que comprometem a mobilidade de pessoas e o escoamento de mercadorias.
A obra atualmente em andamento busca reverter esse cenário. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) aproveita a estiagem para realizar serviços de reforço da pista, utilizando camadas de pedra que elevam a base e permitem a aplicação de asfalto usinado a quente, adequado ao tráfego de veículos pesados. Além da pavimentação, a construção de pontes estratégicas procura superar gargalos históricos. No km 23, a ponte do Rio Curuçá já alcança 80% de execução, enquanto no km 24 avança a obra da ponte do Rio Autaz-Mirim, projetada para 210 metros de extensão.
Essas intervenções estão inseridas no Novo PAC, que destina R$ 163 milhões à pavimentação de 20 km no Lote C, entre os quilômetros 198 e 218. O lote completo, que antecede o Trecho do Meio, soma 72,2 km e já é alvo de debates pela ausência de estudos de impacto ambiental.
A discussão em torno desse ponto é legítima, já que a região exige atenção especial em razão de sua sensibilidade ambiental. Qualquer avanço em infraestrutura deve estar alinhado a critérios de sustentabilidade, de modo a não comprometer o equilíbrio dos ecossistemas locais.
Ainda assim, a importância da BR-319 para a integração regional não pode ser ignorada. Para inúmeras comunidades, a rodovia é a única ligação terrestre com o restante do país. Sua recuperação e manutenção representam mais do que um investimento em transporte: tratam-se de medidas que influenciam diretamente no desenvolvimento econômico, na circulação de mercadorias e no acesso a serviços essenciais.
Outro aspecto que merece consideração é a necessidade de manutenção contínua. Experiências anteriores mostram que, sem acompanhamento permanente, o pavimento pode se deteriorar rapidamente sob as condições climáticas amazônicas. O desafio não se encerra com a execução das obras atuais; ele se prolonga no compromisso de conservar a rodovia de forma duradoura, com planejamento e recursos que garantam trafegabilidade estável ao longo dos anos.
Em resumo, a obra no Trecho do Meio da BR-319 reflete um esforço necessário e aguardado para reduzir o isolamento regional e reforçar a ligação entre Rondônia e o Amazonas. Trata-se de um avanço que precisa ser acompanhado com responsabilidade, tanto no aspecto ambiental quanto na perspectiva de manutenção. Somente assim a rodovia poderá cumprir sua função estratégica de promover integração, segurança viária e desenvolvimento sustentável para o Norte do país.
Diário da Amazônia