O robusto crescimento econômico de Rondônia em 2023, formalizado por um PIB de R$ 76,456 bilhões, representa um marco relevante para o estado. Os dados não apenas mostram uma alta expressiva em relação ao ano anterior — 14,46% —, mas também revelam um crescimento de longo prazo: mais de dez vezes desde 2002. Essa trajetória aponta para uma economia madura, capaz de se fortalecer de forma dinâmica e sustentável.
Importante destacar que esse avanço não se concentrou em um único setor. O agronegócio teve papel decisivo, mas a indústria de alimentos e o setor de serviços também ganharam relevância. Essa diversificação é fundamental para reduzir riscos sistêmicos e assegurar que a economia local não fique vulnerável a choques específicos, como os climáticos ou de mercado. Quando um estado cresce com base múltipla, aumenta sua resiliência.
Além disso, o aumento do Valor Adicionado Bruto (VAB) e da arrecadação tributária indica que o crescimento vem de fato da produção, e não apenas de elevações pontuais de impostos. Isso é uma evidência concreta de que a expansão econômica está lastreada em atividade real — agricultores produzindo mais, fábricas operando com maior eficiência e serviços absorvendo as nova demandas que se apresentarão.
No entanto, é preciso evitar interpretações otimistas sem cautela. Embora o PIB per capita de Rondônia esteja acima da média da Região Norte, ele ainda não atinge um patamar elevado em nível nacional. E a renda média, por si só, não garante distribuição equitativa ou eliminação de desigualdades sociais. Sem políticas que promulguem inclusão social e sustentem infraestrutura — especialmente em áreas rurais —, parte dos ganhos pode não alcançar toda a população.
Ademais, há riscos inerentes a um crescimento tão acelerado e recente. A pressão sobre estradas, logística, energia e habitação pode aumentar, caso não haja planejamento contínuo. A consolidação de cadeias produtivas exige não só investimentos iniciais mas manutenção: para que o agronegócio cresça sem degradar o meio ambiente; para que a indústria expanda sem depender de incentivos fiscais insustentáveis; para que os serviços se ampliem sem criar bolhas de consumo.
Também é necessário atenção ao ambiente de negócios. A estabilidade observada no PIB deve ser acompanhada por políticas que fomentem a inovação, a capacitação da mão de obra e a competitividade internacional, além de medidas que promovam transparência e governança. Um crescimento robusto não basta se não vier acompanhado de sustentabilidade institucional.
Diário da Amazônia