Divulgação
A castanha é o segundo produto de extração mais vendido do bioma do Norte do país (atrás apenas do açaí), com isso os ribeirinhos além de consumir pura, também utilizam o líquido do fruto para cozinhar peixes e caças. Na Terra do Meio, entre Altamira e São Félix do Xingu (PA) há 332 famílias que dependem da castanha para alimentação e geração de renda.
Imagem de um caldo feito com castanha
Já se era esperado uma safra fraca em 2025, bem pior do que o previsto. Dados do Cemaden, 70% dos municípios da região tiveram um ano de seca com os rios Xingu e o Iriri. A estiagem comprometeu a fisiologia das castanheiras e a reprodução das abelhas, que são as responsáveis por polinizar as flores.
Não há expectativa de vendas relevantes de castanhas, pois até o momento, menos de cem caixas de 20 litros de volume foram coletados, o que corresponde a dois metros cúbicos e cabe lembrar que a renda gerada na cidade da castanha é essencial para o sustento das famílias durante o ano inteiro.
Há quem critique a demora na decretação de situação de calamidade para a região, que facilita o acesso a doação. Em Rondônia, a Embrapa divulgou uma nota técnica estimando a redução de 85% no volume de castanha na Terra Indígena Rio Branco.
Em nota técnica publicada a Embrapa Rondônia reconheceu que as altas temperaturas resultaram na falta do produto em todas as regiões da Amazônia. O Ministério do Meio Ambiente informou que atua para mitigar os impactos da seca na Região, e citou medidas emergenciais. Entre elas, o reforço do programa Bolsa Verde, que atende mais de 53 mil famílias, e a elaboração do Plano do Desenvolvimento Sustentável de Povos e Comunidades Tradicionais.
DO TRANSPORTE DEFICIENTE
Percebe-se que o caminheiro padece em nossas estradas mal-conservadas, fazendo com que o empresário enfrente problemas de logística para que a sua mercadoria chegue aos portos.
A Associação Brasileira da Infraestrutura reuniu dados expondo a situação crítica da falta de investimentos em rodovias, ferrovias, hidrovias, aeroporto e mobilidade urbana. No ano passado, de recursos públicos e privados, foram destinados R$ 63 bilhões, quando seriam necessários R$ 264 bilhões, faltando recursos para investimentos fundamentais para erguer e manter a rede de transportes no país.
Daí o cenário de rodovias precárias, postos congestionados, trens e metrôs superlotados. Na matriz de transportes, o rodoviário representa 70%. A situação não melhora quando se analisa a qualidade das rodovias. Apenas 220 mil quilômetros, 12, 2% das rodovias federais, estaduais e municipais, são pavimentadas. E 32 mil quilômetros estão sob administração privada. São em geral as mais bem avaliadas pelos usuários.
Mesmo que o poder público queira investir em estradas, não teria condições, tamanha a crise fiscal, releva a melhor alternativa seria avançar com as concessões.
O agravamento dos eventos climáticos aumenta a frequência de inundações, queda de pontes e barreiras, com vítimas e interrupção de tráfego. Sem investir, não há como tornar as rodovias mais seguras.
As concessões têm avançado, pois no final do ano, 19% das estradas pavimentadas estão sob gestão privada - 32% das federais e 15% das estaduais. Bastará 1,6 milhões de KM com o setor público, dos quais apenas 178 mil quilômetros são pavimentados.
Se continuarmos a investir em transporte e logística, os mesmos R$ 63 bilhões de 2024, seriam necessários 54 anos para obter uma rede adequada. Não faltam argumentos para sempre se defender a maior presença da mão-de-obra privada no setor.
Breno França - Portal SGC