Breno França
O novo tarifaço anunciado pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a colocar pressão sobre as relações comerciais com o Brasil. O pacote eleva as tarifas de importação para diversos produtos, com foco em países que exportam intensivamente para o mercado americano. Embora o impacto direto na Zona Franca de Manaus seja considerado nulo, o alerta está aceso em todo o país.
Segundo o superintendente da Zona Franca de Manaus, Bosco Saraiva, o modelo industrial da capital amazonense não será diretamente afetado, já que a produção é voltada, majoritariamente, ao mercado interno.
"Do ponto de vista do Polo Industrial de Manaus, não tem alcance porque o polo industrial abastece o Brasil. As exportações para a América do Norte são muito pequenas diante do faturamento que a gente tem aqui", explicou Bosco.
O economista Marcelo Pereira reforça que o impacto maior recai sobre setores exportadores.
"Os principais setores que hoje são afetados pela medida do governo Trump é justamente o agronegócio, o setor de exportação metalúrgico, de aço, de minérios (…). No caso da Zona Franca de Manaus, por exemplo, o impacto é quase nulo", afirma.
Apesar disso, o cenário internacional instável gera insegurança nos mercados e pode afetar decisões de investimento a médio e longo prazo.
"Se você não tem previsibilidade, você já passa a ter desconfiança. A curto prazo é um desastre. Milhões de pessoas correm o risco de perder o emprego, principalmente no setor agrícola", alerta o economista Alberto Carijó.
Além das questões econômicas, o tarifaço também é visto como parte de uma mudança estratégica dos Estados Unidos, que vêm incentivando a produção doméstica. O deputado federal Pauderney Avelino destaca o viés político da decisão:
"Há um novo direcionamento da política americana com relação à produção dos bens dentro do país. Nessa semana, anunciaram 50 bilhões de dólares que os Estados Unidos já arrecadaram com o tarifaço (…). Enquanto isso, estão reduzindo o imposto de renda para os cidadãos americanos."
Mesmo com impacto reduzido na Zona Franca, o governo brasileiro acompanha o caso de perto.
"Nosso ministro, Geraldo Alckmin, está conduzindo as negociações e a gente tem certeza de que os dois grupos que negociam comercialmente chegarão a um denominador comum que será benéfico para ambos os países", concluiu Bosco Saraiva.
Talissia Maressa - Portal SGC