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O governo brasileiro está organizando uma "Aldeia COP" para receber povos indígenas de todo o mundo durante a COP30. O espaço para acampamento será montado na Universidade Federal do Pará e deve comportar mais de 3 mil indígenas. A expectativa é que o contingente atinja participação histórica na Conferência da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês) no país.
"Até aqui, nós tivemos um número máximo de 350 indígenas de todo o mundo, que foi na COP21, de Paris, em 2015, e também na COP28, de Dubai. E agora a gente está pleiteando, junto à presidência da COP, o número de 500 indígenas do Brasil e 500 indígenas de todas as outras partes do mundo. Então, nós estamos falando de mil indígenas com credenciamento na Zona Azul", disse Sonia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas, durante a quinta reunião da Comissão Internacional de Povos Indígenas, nesta sexta-feira, 8/8.
A ministra brasileira ainda explicou que outros indígenas devem participar também da Zona Verde, que comporta os observadores da sociedade civil, para além da área de negociações da UNFCCC. Ocorre, ainda, em Belém, a Cúpula dos Povos, com integrantes da sociedade civil debatendo a justiça climática.
Por esses motivos, é esperado cerca de 3 mil indígenas na capital paraense durante a Conferência. Há a expectativa, especialmente, de mais participação nas negociações climáticas. "A gente tem discutido aqui junto à presidência um aumento para o credenciamento indígena, para que a gente tenha nessa COP a maior delegação indígena da história", ressaltou Guajajara, que explicou que o pedido para incluir indígenas nas delegações será feito diretamente aos países que participam da COP30.
Todos os indígenas podem ficar hospedados na "Aldeia COP", mas, pela limitação de espaço, é necessário enviar lista de participantes para a Comissão Internacional dos Povos Indígenas.
"Estamos em uma forte articulação para aumentar essa representação indígena, não só na quantidade de pessoas, mas também na qualidade de participação. Que tenha uma existência direta, que tenha também possibilidade de dialogar direto com outros atores internacionais, seja dos países, seja da filantropia", afirmou ainda a ministra.
Durante a reunião, a comissão também recebeu representantes de embaixadas de diversos países, em um esforço para pedir às outras nações a inclusão de mais indígenas em suas delegações oficiais.
Em especial, indígenas dos outros países da região amazônica estão interessados em participar do debate, já que veem em suas realidades os impactos da mudança do clima. E, ocorrendo dentro de sua floresta nativa, há a oportunidade de atentar às suas necessidades.
"Temos esta COP como, talvez, uma das últimas esperanças para visibilizar e colocar na agenda mundial a situação que estamos vivendo na Bacia Amazônica. Todos os riscos e ameaças que os povos indígenas estão sofrendo, como os territórios estão sendo afetados por empresas petroleiras, mineradoras… mas, também contar ao mundo que estamos fazendo grandes contribuições que ninguém se dá conta. Queremos seguir insistindo que sabemos como ajudar e contribuir para mitigar um pouco essas situações que estão se apresentando. Estamos em um momento decisivo do ponto de não retorno", alertou Patricia Suárez Torres, representante dos povos indígenas da Bacia Amazônica — fazem parte desta região, além do Brasil, os países sul-americanos: Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela.
Integração
A Comissão Internacional de Povos Indígenas é uma das organizações que compõem o Círculo dos Povos — proposto pela COP30 para aumentar a capacidade de escuta de demandas e contribuições de povos indígenas, povos e comunidades tradicionais e afrodescendentes. A líder deste círculo é a ministra Sonia Guajajara.
Por isso, o encontro do grupo também contou com uma breve apresentação do Círculo de Finanças e do Círculo de Balanço Ético Global, em busca de integração com os outros grupos da COP30. Os círculos são uma iniciativa da presidência da COP para ampliar a capacidade de mobilização e articulação dos temas relacionados à mudança do clima.
Outros assuntos também foram tratados no encontro, como o uso de tecnologias digitais para ampliar a participação de populações indígenas nos assuntos tratados na COP30 e o funcionamento do espaço dedicado aos povos indígenas na Zona Verde, que está sendo pensado pela Caucus Indígena, que é a representação indígena oficial na UNFCCC.
Portal SGC