Amazonas

Entre desafios, Manaus alcança posição de destaque em ranking de cidades na América Latina

Capital amazonense aparece bem avaliada em qualidade de vida, mas ainda enfrenta desafios sociais, como baixa expectativa de vida e desigualdade.


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Centro histórico de Manaus

Kadu Oliveira/Aleam

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Manaus foi classificada como a 11ª melhor cidade para viver e visitar na América Latina em 2024, segundo o ranking global da revista The Economist, divulgado em janeiro deste ano. Com 62,5 pontos, a capital amazonense ficou atrás apenas do Rio de Janeiro (7º lugar, com 70,2 pontos) e São Paulo (8º lugar, com 69,3 pontos) no cenário brasileiro. O estudo avaliou 173 cidades ao redor do mundo com base em cinco critérios: estabilidade, saúde, cultura e ambiente, educação e infraestrutura.

O ranking latino-americano é liderado por Buenos Aires (82,8 pontos), seguido por Montevidéu (81,2) e Santiago (80,8). Apesar da boa colocação, Manaus ainda enfrenta desafios, como a baixa expectativa de vida de seus habitantes, que é de 59 anos, segundo o Mapa da Desigualdade divulgado pelo Instituto Cidades Sustentáveis (ICS) em março de 2024. Esse indicador coloca a cidade na terceira pior posição entre as capitais brasileiras, à frente apenas de Amapá e Roraima.

Qualidade de vida 

Uma pesquisa realizada pela empresa Perspectiva, divulgada no dia 25 de janeiro, abrangeu 1.107 pessoas e revelou que 29% dos manauaras acreditam que a qualidade de vida na cidade melhorou nos últimos anos - 10% dizem que melhorou muito, e 19%, um pouco. Para 44%, a situação permaneceu estável, enquanto 17% avaliam que piorou.

A Prefeitura de Manaus foi apontada por 25% dos entrevistados como a instituição que mais contribui para a qualidade de vida na cidade. Em seguida, aparecem as igrejas (19%) e o governo federal (17%). Empresas privadas e meios de comunicação também foram citados, mas com percentuais menores.

No entanto, a perspectiva de futuro divide os moradores: 45% disseram que deixariam Manaus para viver em outra cidade, enquanto 46% afirmaram que permaneceriam. Os demais não souberam opinar.


(Reprodução/Perspectiva)

Desafios históricos e desigualdades

O historiador e professor de História, Nicolas Castro, ressalta que a baixa qualidade de vida em Manaus é resultado de um complexo processo histórico. "Problemas como infraestrutura precária, falhas no sistema de saúde, educação deficiente e a violência urbana não são questões recentes, mas sim reflexos de uma série de processos históricos que têm raízes profundas no período colonial e se estendem até os dias atuais", explica.

De acordo com o historiador, no período colonial, Manaus (então chamada Lugar da Barra) foi marcada por uma estrutura social desigual. A elite local, composta por grandes proprietários de terras e comerciantes, vivia em luxo, enquanto indígenas e negros eram submetidos ao trabalho forçado. "esse contraste gerou uma base de desigualdade que perdura até hoje, refletindo-se nas disparidades econômicas e sociais entre a elite e as camadas mais pobres da população". O pesquisador também explica que a criação da Zona Franca de Manaus, em 1967, trouxe novas esperanças ao oferecer incentivos fiscais para indústrias, especialmente a de eletroeletrônicos. Contudo, "o crescimento acelerado da cidade resultou em uma urbanização desordenada, com favelização de várias regiões e falta de acesso a serviços essenciais", ressalta.

Para Nicolas, a mudança dessa realidade exigirá um esforço conjunto. "Será necessário repensar o modelo de desenvolvimento da cidade, com a implementação de políticas públicas que priorizem o bem-estar social, a educação, a saúde e a preservação ambiental. Somente assim, Manaus poderá enfrentar seus desafios históricos e oferecer uma qualidade de vida condizente com seu potencial", conclui.

Carol Veras - Portal SGC

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