Jesus, Pedro, José: veja nomes "proibidos" para novo papa
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Embora não exista uma regra formal, alguns nomes são evitados por todos os papas ao longo da história da Igreja Católica. "Jesus II seria basicamente uma blasfêmia", explica o professor de Teologia Andrew Boyd, falando em um fórum. "Não há sucessor de Jesus. Ele era divino. Os papas são apenas homens." Para ele, se um cardeal eleito tivesse o nome de batismo Jesús, certamente adotaria outro nome ao assumir o cargo.
Outro nome ausente na história do papado é Pedro. Muitos consideram que usá-lo seria arrogante demais, por se tratar do primeiro papa e uma figura central na fundação da Igreja. Boyd lembra que cerca de dezesseis papas eleitos tinham Pedro (ou uma variação como Pietro ou Peter) como nome de batismo, mas todos preferiram não usá-lo como nome pontifício. Além disso, há uma antiga "profecia" — considerada sem base factual — que diz que o último papa da história seria Pedro II. Isso pode não ter valor teológico, mas o respeito ao nome pesa.
Entre reverência, tradição e cautela simbólica, nomes como Jesus, Pedro, Judas e até José — o pai terreno de Jesus — devem ficar de fora da lista de possibilidades para o próximo pontífice.
Tradição
A escolha do nome pontifício é uma tradição que remonta ao século VI, quando João II decidiu não usar seu nome de batismo, Mercúrio — o deus romano do comércio — por considerá-lo inadequado. Desde então, tornou-se comum que o novo papa troque seu nome ao assumir o posto. Mais do que uma formalidade, essa escolha costuma refletir homenagens a apóstolos ou a pontífices anteriores, além de indicar a linha de atuação desejada. Quando Karol Wojtyla se tornou João Paulo II, por exemplo, quis deixar claro que daria continuidade ao projeto reformista de seus antecessores.
O historiador Alberto Melloni, ouvido pela CNN, sinaliza que nomes como Pio seriam muito conservadores, enquanto escolhas por João indicariam abertura a reformas. A escolha de um nome pode simbolizar tanto conservadorismo quanto desejo de mudança, como foi o caso de João XXIII, que convocou o Concílio Vaticano II.
Conclave
A escolha do nome do novo líder da Igreja Católica é uma das etapas finais no processo de eleição, realizado no conclave, que ocorre após a apuração dos votos dos cardeais eleitores na Capela Sistina, no Vaticano. Esse procedimento é detalhado na constituição apostólica "Universi Dominici Gregis", promulgada por João Paulo II em 1996. Após a contagem dos votos, o cardeal decano pergunta ao eleito se aceita a eleição e, em seguida, questiona qual nome ele escolherá. O nome escolhido é registrado em um documento pelo Mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias.
Após a fumaça branca sair da chaminé da Capela Sistina, cerca de 30 a 60 minutos depois, o novo papa, já com as vestes papais, aparece na varanda da Basílica de São Pedro. O cardeal protodiácono anuncia "Habemus Papam" e apresenta o novo pontífice, que então faz uma breve declaração e oração.
Nomes preferidos
Ao longo da história da Igreja, é possível observar que alguns nomes foram claramente preferidos pelos papas, enquanto outros apareceram apenas uma vez. Nomes como João (com 21 papas), Gregório (16), Bento (16) e Clemente (14) destacam-se como os mais recorrentes, refletindo tradição, devoção ou a admiração por predecessores importantes. Por outro lado, há nomes que foram usados apenas uma vez, como Pedro, Lino, Anacleto, Hilário e Formoso, além de Francisco, nome do último papa.
VEJA OS DEZ NOMES MAIS USADOS
João - 21 papas (João I a João XXIII, com pulos por causa de erros históricos)
Gregório - 16 papas
Bento - 16 papas
Clemente - 14 papas
Inocêncio - 13 papas
Leão - 13 papas
Pio - 12 papas
Estêvão - 10 papas
Urbano - 8 papas
Alexandre - 7 papas
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